Flavio R. Cavalcanti - 19 Dez. 2014Em meados de 1989, consegui comprar uma câmera fotográfica capaz de focar pequenos objetos, a uma distância de 30 cm, e parti para a primeira experiência: — fotografar a confecção de um modelo em plástico estireno (poliestireno), para explicar o ABC. Não tinha experiência alguma, — nem no trabalho com plástico, nem com fotografia de miniaturas, — e também não dispunha de tempo para praticar e melhorar. O resultado dessa lambança saiu no Centro-Oeste nº 26, com data de Julho de 1989. Tenho a esperança de que terá sido útil a outros ferreomodelistas, — nem que fosse pelo incentivo de verem que, com toda certeza, podiam fazer melhor do que isso.
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O plástico utilizado foi de separador (índice) para arquivos Menno, encontrados em papelarias, na época, em jogos A-Z (22 folhas) ou 1-31 (mensal), espessura 0.635 mm, em diferentes dimensões.
Tratava-se de um plástico rígido o suficiente para o trabalho pretendido, — adquirindo ainda maior rigidez após a colagem das peças na forma de “caixa”, — mas ainda bastante maleável para algumas finalidades úteis. Por exemplo, uma borda de plataforma em curva.
A consistência é “doce”, ou seja, se você pressiona um alfinete, pode furá-lo facilmente. Se pressionar um pouco menos, terá uma pequena saliência do outro lado.
Com a ponta de um compasso e uma escala metálica, pode-se riscá-lo sem nenhuma força. Caso aplique força, o risco se tornará visível do lado oposto.
O primeiro passo é riscar no verso os contornos das paredes e os recortes necessários para as portas e janelas.
O fato de usar escala metálica e a ponta de um compasso permite uma precisão milimétrica.
Para facilitar o corte de portas e janelas, furei os cantos dos retângulos com a ponta de compasso.
Comece cortando os espaços das portas e janelas, aproveitando que é mais fácil fazer isso com as paredes agrupadas numa peça grande.
Por fim, recorte o frontão triangular das paredes frontal e do fundo; e o excesso retangular no alto das paredes laterais.
A montagem foi, afinal, a parte que se realizou com maior rapidez, graças a um macete aprendido com o Marcos Eduardo Brandão.
Trata-se de um “peso” com uma ponta metálica terminando em “L”, para manter uma parede em pé, — de lado, — sobre a beirada da outra, com a maior facilidade.
Como a experiência tinha hora para terminar, me limitei a esticar uma perna de um clip grande, dobrando a ponta; e prender o clip entre 2 pedaços de placa de chumbo, presas com um elástico bancário.
Colocada uma parede em pé, — de lado, — sobre a beirada da outra, prenda com o gancho do “peso”, para fazer o ajuste das bordas, e conferir o ângulo reto com um esquadro, ou outra peça retangular.
Com um pincel fino, passe um mínimo de solvente por trás da quina, de modo que ele se infiltre entre as duas peças, soldando uma na outra.
A evaporação do solvente é rápida, mas dá para conferir a vertical da peça e fazer algum ajuste rápido. Em poucos minutos a solda já permite prosseguir no trabalho, desde que não force as peças. A secagem total leva mais algum tempo.
Fixação do calço para colar a estrutura |
Coladas as paredes, de 2 em 2, torna-se interessante usar 2 calços para colar o conjunto.
Os calços são tiras do próprio estireno. Usei “jacarés” de eletrônica para fixá-las, conferir se estão na distância correta das bordas, e pincelar toluol para soldá-las.
Envolvi a cabine com uma tira de papel, — que não é afetado pelo solvente, portanto não gruda no plástico, — e prendi o conjunto com um elástico bancário.
Feito isso, basta pincelar o toluol por trás dos cantos a serem soldados.
O que utilizei nesse experimento foi o solvente que vinha com o líquido corretivo “Correto”, da Carbex, para erros de datilografia. Na maioria das papelarias, o solvente podia ser adquirido também em separado.
Creio que já não existe datilografia, e o líquido foi alterado para ficar politicamente correto. Procure, então, por Toluol, ou Tolueno.
Nesta experiência, ao invés de pincel fino, apliquei o solvente com um prosaico palitão de manicure, cuja ponta pode ser “afinada”.
Bastou mergulhar o palitão no solvente e deslizá-lo por trás das quinas, uma, duas, três vezes, até perceber que o solvente se espalhou pelo interstício em toda a extensão desejada.
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Para o andar superior, selecionei 5 janelas de guilhotina e uma porta com “vidraças”, para maior visibilidade do pátio e dos trens. Hoje me parece que devia haver mais janelas, — e mais amplas, — inclusive, na parede de trás.
As medidas eram para encaixe das janelas e portas da extinta Miniaturas Artesanais, e devem ser adaptadas ao que se possa encontrar hoje.
Primeiro, posicione as portas e janelas, fixando-as com durex pelo lado de dentro, de modo a poder ajustá-las se alguma ficar meio torta — como aconteceu com meu primeiro exemplar.
O ideal era ter aplicado papel Décor, — tijolo, tábua frisada ou encavalada, — e neste caso as portas e janelas deveriam ser aplicadas por último.
O térreo, apenas com claraboias, parece mero depósito, e merecia uma porta sem vidraça.
A escada da Miniaturas Artesanais tinha um patamar menor que a largura da porta superior. Fiz um entalhe no parapeito posterior, que esbarrava na porta, e deixei parte do portal aparecendo do lado de trás. Ficou ruim, mas pelo menos o patamar da escada lateral coincidiu com a porta.
Devido à altura excessiva do 2º piso, a escada ficou curta. O jeito foi improvisar 4 degraus a mais, imitando escada metálica vazada. Faltou corrimão, claro.
Com mais tempo, o correto seria cortar um pedaço de outra escada igual, para complementar.
O telhado foi uma lâmina de plástico, dobrada no alto com um ½ corte. Sobre ele, apliquei menos de ¼ de uma folha de telhado Décor. Lembre que na cumieira deve-se dobrar uma tira para cobrir a junção das duas águas.
Uma tira horizontal de 10 mm tijolos Décor foi aplicada ao redor da base e da calçada.
Quanto ao restante do prédio, optei pelo aspecto de parede lisa por um motivo simples: a pressão de tempo no Centro-Oeste.
Isso daria outro aspecto à construção e também melhoraria enormemente o envelhecimento final.
Caso contrário, para ter um trabalho de melhor aparência, deveria pintá-lo com spray ou aerógrafo, o que também não fiz, por causa do tempo.
Me limitei a aplicar um pouco de giz pastel seco (não oleoso), marca Nupastel, da Eberhard Faber (importado), com um pincel fino, de cerdas macias.
Como o plástico é muito liso e brilhante, na véspera do envelhecimento apliquei uma camada de verniz protetor fosco Fix-Art, da Letraset.
Sobre essa camada, já seca, aplica-se o pó do giz pastel com um pincel de cerdas macias e curtas.
Ok, não sou nenhum Picasso. Você pode fazer bem melhor!
A iluminação interna de um prédio envolve algo mais que a simples instalação de uma ou mais lâmpadas.
Caso tenha usado o plástico puro, — sem acabamento como o antigo papel Décor, — sempre haverá certa transparência, além de “vazamento” de luz em frestas nas junções de algumas peças.
Então, poderá forrar internamente com cartolina preta e/ou um pouco de massa.
Outro detalhe, que faz falta, é o “vidro” nas janelas. O material mais prático era a película transparente da “janela” de envelopes bancários, onde o carteiro lia seu endereço. Quem já tentou rasgar envelopes bancários, sabe como aquela película de acetato é resistente.
Recorte retângulos de acetado para cobrir várias janelas próximas, por dentro, com sobra para colar pelas pontas, deixando-o bem esticado e liso.
Mas, será que os bancos ainda mandam cartas em envelopes?
Na minha opinião, toda construção deve ser plenamente fixada à maquete, antes de terminar a paisagem.
Use massa PVA de parede para juntar completamente a base ao solo, e só então aplique “grama”.
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