Flávio R. Cavalcanti – Informativo Frateschi
nº 31
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Após ler a coleção completa do Informativo Frateschi, em 17 de março do ano passado, havia decidido partir para uma maquete em "L", planejada cuidadosamente e com três desvios para cruzamento de trens, dotados de plataformas e tudo mais!
A idéia do "L" surgiu do lay-out do Informativo nº 5 (ainda com grades rígidas, mas já bastante movimentado, e reapresentado no Informativo n 25). Porém a existência de apenas 2 níveis deixaria apenas os retornos como trajeto entre as duas estações.
As tentativas demonstraram ser quase inviável colocar 2 estações e impossível acomodar 3, sem criar outros problemas. Mas foi somente uma espécie de "branco" na cabeça que me ocultou, até a hora em que passava a limpo o lay-out, já para enviar-lhes, a possibilidade de aproveitamento do vazio sob a estação.
A idéia era tão antiga e ja estava tão clara na minha cabeça, que esqueci ser necessário explicar um pouco melhor seu funcionamento, além do que, a carta já estava quase terminada e o objetivo principal era consultá-los sobre outros assuntos.
Revendo anotações de um ano atrás, encontrei este trecho: «São três idéias complementares: 1) abandonar as limitações ovais e dimensionais do tampo retangular; 2) partir para um planejamento prévio e de longo ou médio prazo; 3) utilizar um tablado sem tampo, com as linhas sobre bases suspensas, evitando as rampas pré-fabricadas [rampa-kit], e distribuir as linhas em três níveis, com pelo menos 3 estações equidistantes entre si». Revendo tudo isso, mais patente se torna o papel fundamental do Informativo Frateschi, mostrando soluções acumuladas pela experiência de outras pessoas e aconselhando evitar uma série de soluções francamente primitivas ou inadequadas.
Pessoalmente, não gosto de linhas duplas, porque são raras no Brasil e inexistentes em Brasília; porque exigem mais espaço, alargam o leito dando realce à curta extensão das linhas e eliminam o que mais me atrai, que é a "coordenação" existente nas linhas reais para o cruzamento dos trens.
Um lay-out da Frateschi do qual nunca mais se ouviu falar é o do Informativo nº 21. Ele apresenta alguns pontos típicos das linhas duplas, mas permite essa operação simultânea de 2 composições em linha singela, mediante adequada divisão da linha principal em dois trechos de +/- 9 metros, cada um igualmente transferível para um ou outro CT-5200.
Estendo-me sobre o assunto, porque o acoplamento de um microcomputador realizado pela Frateschi veio reabrir velhas idéias e posibilidades. Há uns 6 meses, comecei a namorar a idéia de uma maquete semelhante à da SBF / Ibirapuera, com 340 metros de linha singela (ao invés de 10 linhas paralelas), com 10 blocos de linha, 10 maquinistas, 10 pátios para cruzamento de trens e 10 estações, sob a coordenação de um controle central com 2 ou 3 modelistas mais experientes [N.W.: Na época desse artigo, não sabia que o sistema, com intercomunicadores, já estava sendo realizado pela Associação Mineira de Ferreomodelismo].
É claro, todos esses números poderiam se adaptar a um projeto particular, com suas limitações, mas o principal seria o maior contato entre modelistas, o espírito de equipe, a possibilidade de mais pessoas participando de cada vez, inclusive sem a necessidade de todos levarem seus trens para o clube. Como não tenho muito conhecimento de eletrônica, desenvolvi um plano composto somente de soluções elétricas e mecânicas (fiação, plugs, chaves e luzes), que agora estou submetendo aos aperfeiçoamentos de amigos que entendam de eletrônica, mais do que eu. Ou poderemos um dia realizar isso em Brasília, ou pelo menos lançaremos a idéia para quem esteja tentando criar um clube em outras cidades.
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Dimensões: "L" de 4,50 x 2,30 m (largura: 1,10 m)
Escala: 1:87 (HO)
Circuito: Fechado, com 1 desvio intermediário para cruzamento de trens para operação simultânea de 2 trens em linha singela.
Extensão: +/- 24 m (incluindo a passagem pelo cruzamento intermediário.
Níveis: 3
Desnível máximo: 180 mm
Rampa máxima: 2,27%
Raio mínimo: 360 mm
Trilhos: Flexíveis Frateschi (+/- 50 barras)
Desvios: 16 + 2 SDC-500
Controladores: 2 CT-5200 (podendo ser incluído 1 CT-5100)
Comportar composições extensas (locomotivas + 12 a 16 vagões).
Oferecer um trajeto de extensão compatível (+/- 24 m) a ser percorrido em pouco mais de 2 minutos e 30 segundos.
Permitir a operação simultânea de 2 trens em linha singela.
Comportar +/- 60 vagões de carga e 4 locomotivas.
Evitar linhas duplas, linhas paralelas às bordas da mesa ou entre si, e curvas em ângulo reto, oferecendo um traçado movimentado, em relevo forte e paisagem rica e variada.
(Apesar da extensa plataforma, a maquete não se destina a trens de passageiros, inclusive devido às curvas de raio = 360 mm. Isso ocorre em Brasília, onde a proporção é de mais de 7 cargueiros para cada trem de passageiros, diante das plataformas das 2 estações).
Para acomodar um pátio e um trajeto dentro dos requisitos fixados, foi necessário explorar ao máximo a dimensão vertical (desnível de 180 mm), utilizando três níveis.
A estação e o pátio principal foram situados sobre um platô, no nível superior, de forma a liberar espaço para o trajeto principal (túneis) e para o desvio intermediário de cruzamento (desvio subterrâneo), além de facilitar a aceleração suave à saída da estação (declives); assim, os trens só começam a enfrentar as subidas já na parte central do trajeto, após atingirem a velocidade máxima. Pressupõe-se que não haverá parada total no cruzamento inferior.
Para melhor acomodar a grande extensão do trajeto principal, foi necessário utilizar quatro retornos semi-padronizados, em forma de pera, partindo inicialmente das medidas das grades rígidas: [n x 4166 / 4083] + [2 x 4219] + [2 x 4188] + [2 x 4219] + [n x 4166 / 4083]. Posteriormente, as curvas de entrada e saída (4166 / 4083) tiveram seu raio ampliado e diversificado em cada caso. Em todos os casos, estas peras de retorno fornecem um desnível superior a 65 mm em rampa nunca superior a 2,27%, além de proporcionarem raios variáveis de curvatura, à entrada e à saída. A largura máxima destas peras, com sub-base [madeira] de 60 mm, é de 840 mm, compatível com a largura da mesa, de 1,10 metro.
Para assegurar a precisão do traçado e dos níveis em cada ponto da linha, apesar de não haver retas "horizontais" e "verticais" no trajeto principal, todo ele foi calculado por triangulação, em relação às medidas verticais e horizontais do papel milimetrado, em escala 1:5. Rigorosamente todas as curvas têm raios variáveis à entrada e à saída.
Para permitir a operação simultânea de dois trens em sentidos contrários, os pátios e a linha principal serão divididos em blocos eletricamente isolados entre si:
P1 e P2 – Cruzamento diante da plataforma.
E1, E2... E6 – Pátio de manobras
L1 – Descida à esquerda.
C1 e C2 – Cruzamento inferior.
L2 – Subida à direita.
D1, D2 e D3 – Pátio de locomotivas
podendo cada bloco ser ligado alternativamente a um ou ao
outro CT-5200 ou desligado de ambos (mediante chaves de
3 posições), sem o risco de um curto-circuito.
Para facilitar o cruzamento dos trens no pátio superior e no desvio inferior, as agulhas [AMVs] de uma extremidade dos desvios serão acionados por um SDC-500, e as da outra extremidade por outro SDC-500.
Para que composições de até 2,4 m (locomotiva + 12 a 16 vagões) possam manobrar sem necessidade de a locomotiva avançar sobre as saídas à direita e à esquerda, os ímãs de desengate foram concentrados no miolo central do pátio e as operações de manobra serão realizadas com 6 a 8 vagões de cada vez.
[O texto a seguir foi detalhado em O controle móvel da EF Pireneus-Paranã (CO-098), onde se encontram as ilustrações necessárias. Está omitido o esquema elétrico sugerido no IF-31, por não ter sido utilizado]
A coordenação dos movimentos de dois trens, para que se realizem os cruzamentos sem qualquer parada completa no desvio inferior, exigirá bastante treino e experimentação prévia prolongada. Um terceiro modelista será necessário para coordenar as velocidades, anotar os marcos de avanço de ambos os trens, e acionar as agulhas e a transferência dos blocos de linha (especialmente L1 e L2) de um para outro controlador. Inicialmente, poderão ser usadas composições bem menores.
Para facilitar a operação, P1 e C1 poderão ficar cativos de um modelista e P2 e C2, do outro. Assim, será necessário apenas transferir L1 e L2 para um e outro, alternadamente. Nas chegadas e saídas do pátio superior, as agulhas de quase todos os desvios e ramais deverão ficar em ponto considerado "neutro" (agulhas viradas para uso de P1 e P2) por convenção, sendo necessário acionar apenas as agulhas de P2 (à esquerda) e de P1 (à direita). Com isso, se reduzem ao mínimo as operações mecânicas necessárias ao funcionamento simultâneo de duas composições em sentidos opostos.
Composições recém-formadas partemdiretamente do pátio de manobras, voltando a P1 ou P2 somente após cumprir o trajeto principal. Composições destinadas a manobras jamais entram em P1 e P2, mas diretamente em E2 ou E3.
Chegando da esquerda, a composição entra em E3 e passa para E2 pelo travessão central, em cujo ímã de desengate já deixa metade dos vagões. A seguir, a locomotiva recua com o restante da composição para E1, onde se desengata. Com a saída de circulação desse trem, automaticamente ficou vago um desvio de cruzamento, P1 ou P2, pelo qual a locomotiva pode dar a volta em direção ao respectivo pátio, enquanto a manobreira se posiciona à esquerda de E3 para iniciar a classificação dos vagões.
Se a composição chega da direita, entra por E2 e passa para E3 pelo travessão central, onde se fraciona ao meio, e já está em posição de manobrar no pátio.
O projeto oferece a possibilidade de se reunir três modelistas, sem necessidade de carregar trens e transformadores, e abre campo para a participação das crianças atuando em equipe.
Fazer o cruzamento inferior sem parada total será um atrativo e um desafio durante muito tempo, depois de pronta a maquete.
Operações mais complexas poderão ser tentadas posteriormente, acrescentando mais um CT-5100 e algumas chaves na área do pátio. Prevendo isso, desde já ficam isolados dois trechos, L3 e L4, para o trânsito de locomotivas entre P1, P2, D3, E1, E4. Provisoriamente, L3 e L4 terão a fiação ligada a L1 e L2, respectivamente.
O trecho C1, omitido aqui para não haver acúmulo de linhas representadas no desenho, deverá ter trajeto sinuoso para aumentar sua extensão (até 5,0 m), de forma a "ganhar tempo" durante o cruzamento dos trens.
Há possibilidade de criar um circuito de espera nos níveis inferiores, unindo as duas subidas na cota 100, com um par de [AMVs] 4165. Essa idéia, já antiga, é sugerida pelo próprio desenho, mas reluto em adotá-la, principalmente agora, temendo complicar demasiadamente um projeto que já me parece bastante "denso". Como dizem os artistas, é preciso "saber parar". Além do mais, o circuito de espera teria apenas 11 metros, o que é menos de 4 vezes a extensão da maior composição. A única vantagem seria deixar uma composição na espera enquanto a outra manobra, sem necessidade do terceiro controlador (CT-5100).
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