Eliezer Magliano
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Não há facilidades para almoço ou lanche em Lídice. A estação fica afastada do centro da cidade, e não dá tempo para ir a pé, só de taxi. Se não quiser almoçar, leve um lanchinho discreto, ou compre a bordo misto-frio, cerveja, refrigerante e água. Se resolver almoçar após o embarque, avise à moça. O almoço (frios) é servido no carro restaurante em quatro horários: na ida os passageiros dos dois carros da frente; e na volta (13h às 15h), os dos carros da cauda. No dia seguinte, às 10h, estava na estação para o embarque. Estacionamento ao longo da Avenida Airton Senna, dos dois lados, em frente à estação e à praia. A sala Vip e o trem estavam cheios. Parece que, felizmente, os negócios vão bem. Cada carro (4 + restaurante + 1 bagageiro que é usado como cozinha e despensa) é identificado por uma cor, a mesma do bilhete de passagem, o qual é dividido em três partes. Não perca, pois é necessário para o embarque de volta em Lídice. Recepcionistas, no embarque, em cada carro. Os lugares são numerados como pares de um lado e ímpares do outro, corredor e janela. Por exemplo: 1C, 1J de um lado, do outro 2C, 2J. O lado mais bonito é o esquerdo de quem sobe. E como o trem não vira, em Lídice todos os números dos lugares, feitos em etiquetas removíveis, são invertidos para que todos troquem de lado na volta. |
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Partida pontual às 10:30. Boas-vindas e recomendaçõe gerais das moças, pelo sistema de som (um por carro) como não fumar nem colocar o corpo ou coisas fora das janelas — aviso importante para leigos, pois em muitos pontos do trecho as pedras passam a dois dedos do carro. São distribuídas recomendaçõe bilíngües. Barulho de trem, cheiro de trem (principalmente dentro dos 15 túneis), balanço de trem, janelas e paisagens de trem, jeito de trem. Perfeito para quem gosta e para quem não conhece A menos que seja uma pessoa muito... exigente, que só goste de ônibus-leito com ar condicionado. Trem limpo, carros com banheiros em granito. Bancos de madeira reversíveis com almofadas no assento e encosto. Carros de aço carbono tipo Santa Matilde. Logo após a saída, o túnel n° 1 e, em seguida, cruzamento por sobre a BR-101 (Rio-Santos). Não se cruza com outros trens no percurso, que é práticamente todo em linha singela. Pelo sistema de som de cada carro, as ferreomoças passam informações turísticas sobre a linha e a Mata Atlântica — como a de que a construção começou em Barra Mansa em 1897 e terminou em 1928, para trazer café para o porto; quais as cargas atualmente transportadas no trecho; e que o tráfego regular de passageiros terminou em 1974. |
Pelas datas nos portais dos túneis, crescentes em direção a Angra, houve trechos que demoraram mais de um ano para ficar prontos. Eram dezesseis túneis no trecho mas um foi explodido porque havia muitas infiltraçõe e virou o atual chuveirinho. A subida já se inicia na saída do pátio de Angra e a G-12 faz pouco esforço — seja para puxar na subida, seja para segurar na descida. Ao contrário da rodovia para Lídice — que vai pela planície até ao pé da serra e começa a subir de repente — a linha, por motivos óbvios, sobe sempre, contornando os maciços de rocha da Serra do Mar, e poucos quilômetros depois a vista da baía da Ribeira, do outro lado de Angra, já é linda — e só melhora. Todos os pontos interessantes, como vales, vistas, cachoeiras, viadutos, etc., são avisados pelas moças e o trem reduz a já baixa velocidade para fotos e filmagens. A linha é uma senhora obra de engenharia, que nos faz imaginar o trabalho que deu fazer aquilo, no começo do século, com viadutos de cal com óleo de baleia e pontes de aço rebitado. Os 46 quilômetros são vencidos em 2h30, na velocidade turística de (?) km/h. |
Não creio que os cargueiros que sobem, e mesmo os trens regulares de passageiros, possam fazer melhor. Não há paradas. No meio da serra, paramos rapidamente em Jussaral (por causa da Jussara, palmeira de palmito em extinção), único cruzamento (linha dupla), para avisar Angra de que havia alguém da região precisando de ajuda médica na estação. Algum idiota mandou demolir os prédios da pequena estação — não sei para quê — e estão obedecendo. Mais à frente, uma parada de cinco minutos para os fumantes fumarem nas varandas dos carros, sem desembarque. Muita regulagem do pessoal do trem — não gostam que se mude de carro ou se fique nas varandas. Devem ter seus motivos. Quase no alto da serra, uma reduzida no chuveirinho — com pouca água nessa época — onde havia um túnel, e onde este trem parava. Parou de parar porque pessoas escorregavam nas pedras e se machucavam. Esta parada faz muita falta, para esticar as pernas e para fotos. Logo depois, a estação de Alto da Serra, e começa a descida para Lídice, que fica logo à frente. Agora, paisagem rural (com uma ou outra parabólica) à direita. |
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Em Lídice, parada de 40 a 50 minutos. Pequena feira em cobertura de metal, com produtos típicos — goiabada, doce-de-leite, compotas, artesanato etc. Todos desembarcam e a locomotiva manobra os carros restaurante e cozinha para a cauda do trem. O pessoal de bordo troca a numeração e inverte os bancos. No terceiro apito inicia-se a volta, com mais informações do pessoal de bordo, depois brincadeiras e sorteio de brindes para o pessoal não dormir. Sem parada para fumantes. As 16h, chega-se à estação de Angra, onde uma bandinha anima a chegada. |
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