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A concessão que deu origem à “Estrada de Ferro Goiás” foi parte integrante do “Plano da Comissão” (1890), elaborado nos primeiros 14 meses da República para ligar todas as regiões do Brasil pelo interior, unindo-as em torno do “Planalto Central”, aproveitando trechos de rios que se consideravam navegáveis, ou passíveis de se tornarem navegáveis com poucas obras.
Tratava-se da Estrada de Ferro de Catalão a Palma, ferrovia de sentido geral sul / norte, para ligar Catalão, na bacia do rio Paranaíba, à cidade de Palma [atual Paranã], no alto Tocantins, de modo a colocar a Amazônia em comunicação com o Centro-Sul, sem dependência da navegação oceânica ao redor de todo o litoral.
Até Catalão deveriam chegar os trilhos da CMEF e da EFOM.
Outra ferrovia, no sentido geral leste / oeste, partiria de Catalão para a cidade de Goiás [então capital do estado] e dali para Cuiabá, até a fronteira com a Bolívia, no extremo Oeste.
As duas ferrovias – em conjunto com a navegação dos rios Araguaia e Tocantins – dariam início à “comunicação” regular entre o “sul” e o “norte” do país, pelo interior.
Isto criaria um entroncamento ferroviário nas proximidades da planejada capital da República, a ser construída no “Planalto Central” colocando-a em "comunicação" com o "sul", com o "norte" e com o "oeste".
Em vários desses aspectos, fica marcada a oposição entre o “Plano da Comissão” (1890) e o que se poderia chamar de “Plano Silva” (1886).
O “Plano Silva” propunha centralizar a viação geral do país em São Paulo.
Para ir do Rio de Janeiro a Belém do Pará, por exemplo, “bastaria” dirigir-se do Rio a São Paulo, dali a Campinas, trocar de bitola e embarcar num trem da Mogiana à qual caberia atravessar o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás, e atingir o rio Araguaia, cumprindo assim uma função de “viação geral” por meio de uma montagem que incluía retalhos de concessões “provinciais”.
No “Plano da Comissão” (1890) ficava implícito o cancelamento ou caducidade da concessão goiana bem como qualquer garantia da época do Império para a Mogiana estender seus trilhos até “Jurupensen”, no rio Araguaia.
De fato, a Mogiana não estendeu seus trilhos, sequer, até Catalão, o que deixava isolado o ponto inicial da Estrada de Ferro Catalão a Palma até que ali chegassem os trilhos da EFOM, que estavam ainda mais distantes.
Daí, as sucessivas prorrogações de prazo e alterações do ponto inicial, recuando inicialmente para Araguari (onde a Mogiana estacionou definitivamente); depois, até Formiga (onde estacionava a EF Oeste de Minas); e mais tarde tornando a avançar de Formiga para Catalão.
A sempre renovada batalha pela ferrovia para Cuiabá que acabou se transformando numa ferrovia leste-oeste, com nome de “Noroeste”, partindo do estado de São Paulo e tomando rumo inteiramente diferente da capital matogrossense deixou à EFG a herança de dirigir-se, não mais ao alto Tocantins, mas ao rio Araguaia (embora com previsão de um ramal).
Nas origens históricas da Estrada de Ferro Goiás, como se vê, esteve sempre a perspectiva de interligação das demais regiões do Brasil através do Planalto Central, associada à navegação regular dos rios Tocantins e Araguaia cujas cachoeiras deveriam ser contornadas por meio de ferrovias laterais, como a Estrada de Ferro Tocantins, enquanto não se fizessem obras de plena navegação, como eclusas e canais:
Mapa (no alto) - Traçado geral das estradas de ferro de Catalão a Palma (EF Goiás); e de Catalão a Cuiabá, do Plano da Comissão (1890). O mapa é apenas esquemático, sem base nos levantamentos de campo realizados mais tarde pela companhia (Catalão-Palma), pela Comissão Cruls (Catalão-Cuiabá) ou pelo Exército.
Foram omitidas do mapa, para não ficar muito confuso:
Mapa (abaixo) - Levantamentos preliminares de traçado das estradas de ferro de Catalão a Palma, de Catalão a Cuiabá, e de Uberaba ao Coxim, no Relatório parcial da Comissão de Estudos da Nova Capital da União (2ª Missão Cruls), publicado em 1896.
Vale frisar que o "Retângulo Cruls", com área três vezes maior (14,4 mil km²) que a do atual Distrito Federal (5,1 mil km²), estendia-se mais a oeste, até os Pireneus, incluindo portanto Corumbá de Goiás; e até mais ao sul, incluindo Luziânia (então chamada Santa Luzia).
Antecedentes
EF Catalão a Palmas
Cia. Alto Tocantins
EF de Goiás
Logística de Brasília
4º trem experimental para Brasília
Chegada dos trilhos a Brasília
xx
1927
1954
1960
1965
1970
1984
1991
Mudancismo
Construção
Inauguração
Estação EFG
Henschel 2-8-8-4
Rio Negro nº 1 Batalhão Mauá
Histórico oficial até 1908
Contrato de 1907
Transferência do trecho Formiga-Arcos