|
Santa ignorânciaA maneira mais prática de desenhar uma mini ferrovia é espalhar os trilhos sobre uma grande folha de papel, arrumá-los a gosto, e marcar no papel com spray solúvel em água. Limpe os trilhos em seguida. Para "desenhar" uma ferrovia ocupando um quarto inteiro, espalhe folhas de papel pardo ou de jornal, no chão, e fixe umas nas outras com durex, até secar a cola. Felizmente, no início de 1983 eu não sabia disso. Se soubesse, não teria me divertido tanto.
|
Os projetos da maquete EF Pireneus-Paranã
|
|
Este foi a primeira tentativa de projetar a maquete da EF Pireneus-Paranã.
Teria um pátio de cruzamento de trens no alto (cota 180 mm), junto à parede do fundo; e outro embaixo, na frente da maquete.
E o melhor de tudo nenhum dos dois seria reto.
Em 17 Mar. 1983, chegou a coleção completa do Informativo Frateschi, que foi o ponto de partida. Mudou radicalmente minha concepção do ferreomodelismo. Li numa noite, reli dezenas de pontos na outra noite, fiz um índice dos pontos principais, e uma lista do que pretendia colocar em prática.
A prancheta e o material de desenho já estavam à mão, não houve demora com isso. Em Abril, estava pronto o primeiro desenho, feito para um quarto de 3,55 x 2,35 metros.
Ferrovia de São Gotardo, em vários planos |
Algumas das exigências fundamentais que me colocava:
Mini ferrovia de linha singela, com duas estações, exigindo coordenação dos trens para transitarem em sentidos contrários. A operação ferroviária não ficaria restrita ao mero desfile circular dos trens.
Maquete com relevo de serra, com os trilhos serpenteando em ziguezague para vencer um "grande" desnível 180 mm ao todo e aparecendo em planos superpostos, aqui e ali, em diferentes patamares da encosta. O relevo, portanto, seria mais do que mera "montanha decorativa" para justificar um túnel onde o trem entrasse e saísse, ciclicamente, a intervalos regulares.
Acima de tudo, queria escapar da paisagem achatada, retangular, do circuito oval, e das retas "horizontais" e "verticais", paralelas às bordas da mesa. Diversificar todos os ângulos, para que nada ficasse paralelo com nada exceto nos pátios ferroviários. E mesmo nestes, tentaria fazer curvoss. O modelo era o pátio de formação de trens de Conselheiro Lafaiete (abaixo) a meia altura de uma encosta em curva, como um anfiteatro.
Como não podia mesmo começar a maquete de imediato, aproveitei para estudar bem o projeto, e me diverti bastante na prancheta de desenho.
Essa brincadeira deve ter sido boa, pois nem parei para registrar o andamento do desenho. Restam poucas anotações.
|
Ok, a montanha não precisava ser tão alta. Mesmo assim, era excesso de expectativa para um espaço tão pequeno.
Infelizmente, por falta de experiência, deixei para calcular o nivelamento no final e só então verifiquei que o espaço não era suficiente para viabilizar o que havia desenhado.
Os trilhos dos percursos intermediários subida e descida deveriam cruzar-se em três pontos da encosta.
Em um ponto não havia desnível suficiente entre eles para cruzamento por viaduto. Em outro ponto, não era possível o cruzamento em nível. E assim por diante.
Tentei realocar os trilhos, aqui e ali, para adequar os nivelamentos.
Comecei pelas curvas à esquerda daí a confusão das linhas nesse lado, onde foram apagadas e refeitas uma ou duas vezes. A cada alteração, observava o pouco resultado obtido.
Extensão dos trilhos Antes de investir em outro desenho, fiz o que devia ter feito no começo calcular o perímetro do quarto.
Para obter um desnível de 65 mm com rampa contínua de 2,27%, elevação de 5 mm para cada trilho ref. 4220, que representa 220 mm de comprimento, são necessárias 13 trilhos. Na prática, 15 trilhos, para fazer a transição vertical no início e no final da rampa. No primeiro trilho você eleva apenas 2 mm, no segundo mais 3 mm, e daí por diante 5 mm a cada trilho. Multiplique 15 x 220 e verá que precisa de 3,3 metros de trilhos para o trem subir ou descer 65 mm com uma inclinação civilizada.
Para um desnível de 180 mm, com a mesma rampa contínua de 2,27%, precisaria de 8,4 metros de trilhos em cada um dos trajetos intermediários.
Perímetro Dos três "traçados" anteriores sobre uma folha retangular de compensado, havia extraído uma regra muito simples para prever a extensão possível dos trilhos em um trajeto circular: Somar os quatro lados da mesa, para cada volta dos trilhos.
Esqueça o espaço entre os trilhos e a borda da mesa. Esqueça a diferença entre uma esquina e uma curva. Perca a ilusão de que um trajeto em "X" ou curvas imitando um quase "X" lhe permitam aumentar de forma significativa a extensão dos trilhos em cada trajeto circular da maquete. Quando se lida com proporções (rampa) da ordem de 2/100, o cálculo exato dos trilhos dificilmente apresenta diferença significativa, em relação ao perímetro externo.
É uma conta aproximada, mas tão certeira, na prática, que vale a pena investir 15 minutos nela teria me poupado 2 ou 3 semanas de desenho milimétrico, se eu já soubesse que a sinuosidade dos trilhos quase não faz diferença. Assim, o primeiro projeto foi um ótimo "aquecimento", na arte de encurvar a quadratura da maquete. E me ensinou que a regra do perímetro funcionava, também, para linhas tortas.
Perímetro irregular Numa maquete em "L", ocupando 2 paredes e 3 cantos de um quarto, a conta é exatamente a mesma: Somar os quatro lados do quarto. A borda interna do "L" tem a mesma extensão das paredes deixadas livres [Só começa a fazer diferença em grandes espaços, que permitem formatos em "E", com múltiplas baías e penínsulas].
O perímetro era 2 x (3,55 + 2,35) = 11,8 metros, a máxima extensão possível para cada volta completa dos trilhos uma volta para subir, outra para descer 180 mm.
Dois pátios de cruzamento e um canto vazio reduziam a extensão de trajeto dos trilhos para 9 metros, ou menos.
Nem cheguei a mexer no restante do desenho. Logo me convenci de que o espaço era insuficiente para as correções necessárias.
Com esperneio e tudo, o primeiro desenho não viveu mais de 30 dias, do começo até o arquivamento definitivo.
Ainda tinha tempo de sobra, para fazer outros desenhos, antes de poder iniciar a maquete.
Mas ficou claro que, ou abria mão dos parâmetros adotados, ou precisaria de um espaço maior.
Ferreoclipping Livro sobre a GWBR em João Pessoa e Recife - 12 Mai. 2016 Museu Ferroviário de Natal - 25 Abr. 2016 Passagens e calendário do trem turístico Ouro Preto - Mariana | Percurso - 20 Dez. 2015 Passagens e descontos do Trem do Corcovado | Onde comprar - 12 Dez. 2015 EF Campos do Jordão | Horários | Hospedagem - 15 Jul. 2015 |
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |