Flávio R. Cavalcanti
|
Afinal, como se faz o túnel? (Eduardo Lamego, Rio, RJ).
O livro Ferrovias para Você Construir (Vol. 2) — manual da Frateschi — ensina o essencial sobre túneis.
Este é um assunto recorrente.
Foi abordado pela antiga Sport Modelismo n° 8, em 67/Dez; pelo Informativo Frateschi n° 26 (83/Jun); e em 89/Fev pelo Centro-Oeste Textos n° 6 (CT-6, fora de linha).
O que segue é a minha experiência, seguindo o manual, a SM e o IF.
É difícil encontrar — na ferrovia real — um túnel atravessando um montinho de terra.
Se o morro é tão pequeno, será desmontado. Se for grande, a ferrovia tentará: (A) Dar a volta; (B) Abrir um corte; (C) Em último caso, gastar tempo e dinheiro perfurando um túnel.
Na mini-ferrovia, nem sempre podemos retratar uma montanha decente. A grande solução é retratar apenas o sopé da montanha — num dos cantos.
Isso traz uma vantagem estética: — Inconscientemente, a maioria de nós acabará não gostando de um túnel diretamente sob o pico do morro. Sem perceber, a maioria achará mais bonito o túnel numa lateral da montanha.
Na mini-ferrovia, toda montanha deve ser ôca — especialmente quando o trem vai atravessá-la (Fig. 1).
Só fazemos o túnel em pequenos trechos, na entrada e saída da montanha. No resto do caminho, a montanha deve ser um amplo salão.
A montanha nas bordas da maquete permitirá que você alcance seu interior, numa emergência (Fig. 2).
A 87ª Lei de Murphy diz que: — Se sua maquete tem um ponto de difícil acesso, é ali que os trens vão descarrilar, faltará contato etc.
Nem sempre convém ficar puxando a maquete para poder ir lá atrás.
Neste caso, a solução é a montanha removível — parcial ou totalmente (Fig. 3).
Há várias formas de esconder a junção da paisagem removível com a paisagem fixa. A melhor solução pode ser a mistura de algumas delas:
As mesmas técnicas podem esconder outra junção: — O encontro da paisagem (maquete) com o painel de fundo (poster ou pintura).
|
Existem várias técnicas para a confecção da montanha (relevo). Você as encontrará no livro da Frateschi.
No mês passado, o CO-75 apresentou 2 alternativas — papel, gesso —, inclusive com fotos.
São as mais usadas. Mas há outras:
Numa tábua plana:
Faça um monte com jornal embolado, caixas etc.
Estenda por cima um pano barato
Sobre o pano, aplique gaze gessada (farmácia)
Em vez de gesso, você pode cobrir com uma pasta de papel-jornal (triturado) embebido em cola branca e água.
Após alguns dias, levante o morro, retire o enchimento, e — eis um morro removível. Basta abrir pequenos buracos para o túnel.
Outra técnica simples é o morro de placas de isopor (Fig. 4).
Uma desvantagem, é que o isopor em placas regulares tem certo custo.
Você pode cavar as camadas com os dedos, faca Olfa, ou uma serra para cano (sem a empunhadura), até transformar os degraus numa encosta mais ou menos irregular.
O Eduardo Coelho recomenda:
Portal de túnel deve ter só o tamanho suficiente para as locos e vagões mais altos e largos.
O portal da Frateschi foi projetado para ferrovias elétricas, com rede aérea — por isso é tão alto.
Quando precisei de portais de túnel para minha EF Pireneus-Paranã, resolvi fazê-los de isopor.
Serrado e pintado com tinta de parede (à base d'água), na cor Concreto, o isopor imita bem o concreto armado — inclusive as marcas da construção.
As medidas da Fig. 5 foram testadas (e melhoradas) na EFPP.
Teste o material que vai operar na maquete — lembrando de computar a base de compensado (usei de 10 mm), o leito de cortiça (5 mm), dormentes e trilhos Frateschi (5 mm).
Na reta, dê espaço para as locomotivas e vagões mais altos e mais largos.
Em curva, considere também o jogo lateral das locomotivas e vagões mais compridos.
A Associação Nacional dos Ferreomodelistas dos EUA (NMRA) fornece aos sócios uma série de normas, padrões e recomendações. O padrão (Standard) S-7 — espaço livre acima e aos lados da via reta — é a base do gabarito Mark III, apresentado por Warren Delano no CO-64.
Ali se recomenda deixar — no centro — uma altura livre de 76,2 mm, medidos acima do boleto dos trilhos.
No projeto apresentado aqui, há 75 mm livres.
Espaço livre adicional em curvas, é definido pelo padrão S-8 da NMRA. Também não o conhecia, na época.
A maior entre-via — distância centro-a-centro, entre vias paralelas —, no sistema de curvas Frateschi, era de 64 mm. Então, fiz o portal com 70 mm de largura interna, e não pensei mais no assunto.
Não tive problemas com o material Frateschi, neste portal de túnel. Mas eu não tinha os carros Santa Cruz, e não existia a FA-1 — portanto, não foram testados na EFPP.
O interior do túnel deve ter uma pequena extensão — uns 15 cm, começando no portal (Figuras 6 a 9).
Esse pequeno trecho, é tudo que qualquer espectador deverá ver.
Nesses 15 cm, o túnel é realmente apertado, mas dá para alcançar um vagão, fazer uma limpeza nos trilhos etc.
Existem vários macetes para evitar que o espectador consiga ver o interior da montanha, após esses 15 cm:
Situe o portal num canto onde não seja visto de frente;
Instale-o num trecho em curva;
Faça um corte na parte mais baixa da montanha, e coloque o portal encravado mais para dentro;
Instale árvores, rochedos ou outros itens que dificultem a visão de mais de 15 cm no interior do túnel.
É possível fazer esses 15 cm de túnel em gesso — ou de papel pardo amarrotado, pincelado com cola branca para adquirir rigidez.
O método que usei — ensinado no livro da Frateschi — é o das camadas de isopor. Isso é muito prático, especialmente quando a via faz uma curva.
Basta cortar as camadas de isopor no formato da curva, empilhar e colar nos 2 lados da via (Fig. 9).
As camadas superiores avançam para dentro, para formar a abóbada do túnel. A última camada une as 2 laterais, fechando a abóbada (Fig. 10 e 11).
A primeira camada foi fixada, inicialmente, só com alfinetes. Após colar a última camada, o conjunto pode ser retirado do local, facilitando o trabalho de acabamento da abóbada interna.
Cave as camadas superiores com os dedos, formando uma abóbada mais ou menos tosca. Isso dará ao interior
Para suavizar um pouco — e fazer a junção do portal com o interior do túnel —, aplique massa PVA de parede. A melhor espátula é uma faca de mesa (ponta redonda) com serrinha para bife — assim, a massa não ficará muito lisa.
Aplique a massa só depois que estiver satisfeito com o formato da abóbada — e depois de testar a passagem de toda sua frota pelo túnel.
Na EFPP, os trechos de túnel permaneceram vários meses fixados provisoriamente. Só após muito tempo de teste, apliquei a massa, pintei o interior, e colei o conjunto definitivamente.
Na pintura — com tinta PVA de parede (à base d'água) —, usei principalmente Branco, Concreto, Preto (fumaça diesel), e um pouco de Amarelo.
A técnica é a mesma do resto do relevo: — Coloque um pouco de cada cor em pequenos recipientes, e vá aplicando com um só pincel, de modo que elas se misturem.
Se sua mini-ferrovia ocupa uma mesa plana — ou retângulo inteiriço de compensado —, a montagem do túnel não apresenta nenhum mistério.
No meu caso, o compensado foi recortado na forma do traçado, fornecendo uma base apenas para a via férrea (Fig. 6). Ver CO-75.
Assim, o primeiro passo foi colar uma camada de isopor embaixo da base da via férrea (Fig. 7).
O portal e o interior do túnel têm largura maior do que a base de madeira da via férrea. Com isso, obtive canaletas de 5 mm de largura ao lado da via, para a água da chuva (Fig. 5).
Essas canaletas laterais não receberam nenhum acabamento extra — só a pintura na cor de Concreto, e uma sujeirinha de Vermelho ou Amarelo no fundo (lama seca).
Convém realizar algumas tarefas — caso deseje — antes de colar definitivamente o portal e o túnel
Se você pretende instalar contra-trilhos na entrada do túnel, o momento é este.
O lastro (empedramento) da via também deve ser aplicado agora.
Não esqueça de dar polimento no topo dos trilhos, com Brasso ou Kaol, até ficarem brilhando, sem uma única mancha (casca) de sujeira. Retire o excesso de polidor várias vezes, com um pano umedecido em WD-40, até o pano sair completamente limpo.
Faça isso, não só na entrada e na saída dos túneis, mas em toda extensão a ser coberta pelo morro.
Após essas 3 providências, ainda deixei os túneis e portais fixados provisoriamente alguns meses, enquanto ia operando a mini-ferrovia, para dar tempo de algum problema se manifestar.
Os contra-trilhos devem ser presos na posição, e a seguir colados aos dormentes com Super-Bonder.
A forma que encontrei para fixá-los na posição, foi cortar palitos de fósforo de tamanho adequado, e colocá-los entre os contra-trilhos, mantendo-os afastados um do outro — para assegurar sua curvatura.
Quanto à vertical, coloquei alguns pesos por cima, aqui e ali.
Infelizmente — como descobri —, os contra-trilhos ficam mais altos do que os trilhos. Significa que, nas pontes e túneis, o patim do vagão limpa-trilhos não conseguia limpar os trilhos.
Pode-se adquirir uma grade flexível norte-americana, Code 100 — cujos trilhos são um pouco mais baixos que os da Frateschi —, especialmente para usá-los como contra-trilhos.
Qualquer que seja o material da montanha — papel, gesso, isopor —, não é difícil chegar com ele até o portal do túnel.
Uma boa junção, integrando o portal na paisagem, é fundamental. Nada prejudica mais o visual de uma boa maquete, do que uma fresta entre o portal e o chão — ou entre a montanha e o chão — ou entre um prédio e o chão.
Por maior que seja o realismo geral do cenário, ficará uma impressão de que tudo aquilo foi colocado ali — o que raramente ocorre nas ferrovias-protótipo.
Para fazer a junção, nesses casos, experimente — e escolha entre — várias alternativas:
Papel higiênico e cola branca diluída em 50% de água.
Pincele a cola sobre as 2 superfícies, aplique pequenos pedaços de papel, e torne a pincelar a cola por cima.
Massa PVA de parede.
Gesso.
Pasta de cola branca e serragem.
Durepóxi, massa de vidraceiro — ou qualquer outra massa não-comestível por formigas e baratas.
Feito isso, aplique a pintura do solo (tinta de parede) e a grama.
Lembre que você planeja a montanha primeiro — mas só a confecciona (ou instala definitivamente) após assentar e testar a via e os trechos de túnel.
Ferreoclipping Livro sobre a GWBR em João Pessoa e Recife - 12 Mai. 2016 Museu Ferroviário de Natal - 25 Abr. 2016 Passagens e calendário do trem turístico Ouro Preto - Mariana | Percurso - 20 Dez. 2015 Passagens e descontos do Trem do Corcovado | Onde comprar - 12 Dez. 2015 EF Campos do Jordão | Horários | Hospedagem - 15 Jul. 2015 |
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
Byteria |
Bibliografia
|
Ferreomodelismo Backlight em maquetes de ferreomodelismo - 5 Nov. 2017 Luzes de 0,5 mm (fibra ótica) - 2 Jun. 2016 Vagão tanque TCQ Esso - 13 Out. 2015 Escalímetro N / HO pronto para imprimir - 12 Out. 2015 Carro n° 115 CPEF / ABPF - 9 Out. 2015 GMDH-1 impressa em 3D - 8 Jun. 2015 Decais para G12 e C22-7i MRN - 7 Jun. 2015 Cabine de sinalização em estireno - 19 Dez. 2014 Cabine de sinalização em palito de fósforo - 17 Dez. 2014 O vagão Frima Frateschi de 1970 - 3 Jun. 2014 Decais Trem Rio Doce | Decais Trem Vitória-Belo Horizonte - 28 Jan. 2014 Alco FA1 e o lançamento Frateschi (1989) na RBF - 21 Out. 2013 |
Ferreofotos Estação Aimorés - Trem Vitória a Minas - 27 Set. 2017 EFSPRG - A ferrovia na guerra do Contestado - 25 Set. 2017 Toshiba DNPVN - Porto do Rio Grande - 11 Jul. 2017 A volta da locomotiva "Velha Senhora" (1981) - 18 Fev. 2017 Reconstrução da Rotunda de São João del Rei (1983-1984) - 8 Dez. 2016 Trem do centenário do cerco da Lapa (1993) - 2 Dez. 2016 Embarque de blindados em vagões Fepasa (1994) - 27 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 23 Nov. 2016 G12 canadenses “espartanas” nº 4103-4196 na ALL - 7 Set. 2016 Locomotivas “Loba” GE 1-C+C-1 nº 2001 a 2025 Fepasa - 5 Set.. 2016 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017 Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017 Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016 |
Byteria |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |