Celso Frateschi
|
A Frateschi sempre aceitou, e sempre aceitará, críticas construtivas, por parte de quem quer que seja, muito embora as palavras empregadas no editorial "Desabafo" (DC-6/16), conforme claramente expresso — "é um absurdo", ou "a minha revolta", ou "como poderemos prestigiar", ou "não vou engolir" — não sejam, de forma alguma, apropriadas a uma crítica construtiva.
Um número realmente grande de ferreomodelistas nos escrevem, tecendo comentários educados, de bom nível ético e técnico, e a esses temos respondido prontamente, com o melhor espírito de elevado profissionalismo, que sempre pudemos praticar.
A Frateschi optou pela G-12, como sua primeira locomotiva, porque teve motivos técnicos para fazê-lo e, se o fez, o fez da melhor forma possível para a época, como continua fazendo, até hoje, sempre o melhor para o momento.
Graças à G-12, pudemos melhorar nosso padrão de qualidade, e essa evolução é o caminho natural de todos quantos desejam progredir -caso contrário, estaríamos até hoje utilizando o telefone de manivela, o rádio de válvulas e o Fordinho de bigode. Se alguém imaginar que algo pode ser feito pronto e perfeito, ainda não sabe o que é progredir, ou evoluir. Oxalá, daqui a 10 anos possamos olhar para trás e novamente avaliar o quanto caminhamos. Por isso, vamos continuar aprimorando a G-12, a U-20-C, a FA-1 e outras que vierem, sempre que for oportuno, do ponto de vista técnico, mercadológico e comercial.
Temos hoje máquinas, técnicos e know-how, que nos eram totalmente inacessíveis há 23 anos, quando iniciamos, e isso, por si só, já seria suficiente para justificar certos fatos. Porém, como a Frateschi existe desde o início do ferreomodelismo brasileiro, tendo participado e influído decisivamente em seu processo histórico, podemos esclarecer ainda mais pois, dada essa longa experiência, sentimo-nos à vontade para comentar o assunto.
Quando a Frateschi iniciou suas atividades, em 1967 (na verdade, iniciamos em 1958, sob outra razão social), o mercado nacional era dominado pela Atma, com sua F-7 HO de bitola 16,5 mm, pintada nas cores da Paulista, Central e Rede. Quem conheceu as versões originais desses trens, e mesmo os anteriores, poderia tecer uma série de comentários que, por motivos éticos, não nos permitiremos fazer agora.
Ora, se outra firma desejasse entrar neste mercado já existente, o que seria o normal, por onde iria começar? Conclusão óbvia.
A escolha da G-12 se deu por dois motivos principais: era a locomotiva mais popular do Brasil, na época, com 310 unidades, incluídas as G-8 (ver IF-1); e, do ponto de vista puramente técnico, era a única locomotiva cujo corpo poderíamos construir, com os recursos e as máquinas-ferramentas de que dispúnhamos na época.
Ao nosso modo de ver, esta escolha, aqui criticada, foi exatamente o nosso "bom começo" e foi ela, tão somente ela, que nos permitiu evoluir, ao ponto de termos hoje a FA-1 e os tanques de amônia, que o sr. Carlos Alberto Missaglia reconhece e qualifica como "impecáveis".
Se quiséssemos ser mais realistas do que o próprio rei, chegaríamos ao absurdo de concluir que o ferreomodelismo brasileiro é impraticável, já que nem a bitola-padrão de 16,5 mm seria adequada a ele. Mas isto já transcende o plano do modelismo, para tornar-se uma questão de sobrevivência da indústria (ver Editorial da RBF-4).
Conhecedores que somos, não só da história do ferreomodelismo, mas também dos produtos fabricados a nível mundial, e conscientes das dificuldades enfrentadas para se concluir um bom projeto, lembramos — sem criticar ou acusar quem quer que seja — que a Fleischmann e a Rivarossi eram tidas e havidas como dois fabricantes da escala 1/80. O primeiro foi, aos poucos, corrigindo seus problemas, mas o segundo exibe até hoje, em seu catálogo, uma série dessas locomotivas, que tantos ferreomodelistas brasileiros compram no contrabando, a preço de ouro, sem jamais desconfiar do fato, conservando-se ignorantes por não terem acesso aos protótipos que, no máximo, conhecem por fotografia. Continuando, lembramos que apenas recentemente a Märklin tirou de linha sua Crocodilo fora de escala, para introduzir uma nova, construída nos padrões atuais de tecnologia. A Athearn tinha, até dois ou três anos atrás, suas locomotivas diesel mais largas do que o real porque, até então, não conseguira desenvolver um motor mais compacto — e, certamente, não irá tirá-las de linha por causa disso. Poderíamos citar outros casos, mas estes já são suficientes para nos questionarmos se estes fabricantes estariam totalmente errados, ou não sabiam fazê-lo corretamente, ou não tinham condições de fazê-lo melhor.
O importante é que fizeram, tentando fazê-lo bem. Temos certeza disso, pois somente nós sabemos precisamente todos os envolvimentos de um bom projeto.
Para um leigo que olha um produto, muitas vezes fica difícil enxergar além, e ponderar que ali está contido um esforço que envolveu engenharia (muita engenharia!), dedicação, acuidade, espírito crítico, máquinas e equipamentos, capital (muito capital!), tempo, paixão e idealismo. Muito idealismo!
E aos leitores que gostam de apreciar nosso aprimoramento, noticiamos que já estão saindo de fábrica as primeiras locomotivas com os redutores totalmente fechados por baixo, sem que as engrenagens fiquem aparentes; e que alteramos o padrão de pintura das locomotivas da Rede, tendo obtido uma tonalidade de vermelho exatamente igual ao padrão dos protótipos. Essa tonalidade de tinta não nos era acessível até então, mas a Frateschi conseguiu que o fornecedor desenvolvesse um padrão especial, exclusivo para nossos modelos, com acabamento acetinado.
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017 Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017 Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016 |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |