Flávio R. Cavalcanti
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Descobrir quando o primeiro modelo ferroviário foi trazido para o Brasil — ou construído aqui — é provavelmente tarefa impossível. A partir de D. Pedro II e Mauá, tudo é possível.
Aliás, até a localização dos que construíram ou importaram material na década de 50 — apenas 40 anos atrás — já é muito difícil, a essa altura.
De acordo com o ex-modelista e industrial Sérgio Bandini, de Jundiaí, SP, houve um "boom" de importação de trens em miniatura, do final da década de 40 para o início da década de 50, fazendo surgir um "grande número de colecionadores".
Bandini atribui esse "boom" a diversos fatores, como o final da II Guerra Mundial e o Plano Marshall, aplicado pelos EUA na Europa. O Brasil tinha saldo em dólares, e a política era importar para gastá-lo.
Sem produção local, e sem mais do que um ou outro revendedor (não-especializado), dificilmente encontraremos alguma ata de clube, publicação sobre o tema, ou outros documentos, capazes de fundamentar qualquer história.
Para todos os efeitos, esta é a pré-história, anterior à invenção da escrita.
Embora conheça vários companheiros que já eram modelistas em 1930, 1940 ou 1950, não vejo como reuni-los em torno de um gravador e vários quilômetros de fita, para recuperar pelo menos uma idéia de como as coisas se passavam nas priscas eras.
A colaboração espontânea destes companheiros, por escrito, ainda é quase a única forma de se levantar um pouco da pré-história do hobby no Brasil. Outra forma, são xeroxes ou recortes de velhas reportagens, que alguém tem em casa e manda para o Centro-Oeste.
O Centro-Oeste já publicou alguma coisa, por exemplo, sobre os Höppner, do Hotel Ritta Höppner, de Gramado, RS (CO-14/10, CO-22/12). A Esporte Modelismo n° 3, em 1983, publicou uma bela reportagem fotográfica com Haroldo Marques Mello, de Caxambu, MG, cujo material escala O também data de antes da II Guerra Mundial.
Pessoas como o ex-relojoeiro Alfredo Lupatelli, o ex-maître Sérgio Cellario (Minitec), Celso Frateschi, Marcelo Lordeiro, Luiz Octávio e outros, não apenas conheceram um pouco daquelas épocas, como devem ter conhecido outros modelistas, de épocas ainda mais remotas.
O companheiro Lourival Floret, por exemplo, é herdeiro de um dos mais antigos modelistas brasileiros. O Luiz Octávio tem, na caderneta, a mais completa lista que já vi, de modelistas das décadas passadas — geralmente, nas escalas O e S, com material Lionel, American Flyer etc. Resta torcer para que estes — e muitos outros — modelistas, um dia, escrevam e publiquem (na RBF, na RF, na EM, no CO etc.) um pouco do que conhecem sobre a nossa pré-história.
Entendo que interessa registrar uma variedade de brinquedos que, a rigor, já não podiam ser considerados modelos, face ao estágio em que o modelismo já se encontrava no resto do mundo.
Do ponto de vista da produção local, até algumas décadas atrás o modelismo ferroviário não existia, e tais brinquedos — feitos aqui — podem muito bem ser lembrados como precursores.
Até o momento, posso citar pelo menos dois:
1 — O trem Metalma, de lata e movido a corda. Não conheço, nem vi qualquer foto, mas alguns companheiros já escreveram a respeito. O Pavelec, de Ponta Grossa (PR), ainda conserva um conjunto Metalma.
2 — O antigo trem da Estrela, de lata, movido a eletricidade. O Gilberto (SMFB) e eu, adquirimos os restos de um conjunto do Marcelo Gonçalves, da extinta Brinquelândia. Colocada na maquete HO do Gilberto, a locomotiva andou melhor do que seria de esperar.
Sua fonte de energia era uma caixa para 3 pilhas comuns de lanterna.
A lata é apenas moldada aqui e ali, para dar uma idéia geral da locomotiva (a vapor) e dos vagões (gôndolas), ficando por conta da pintura a tarefa de sugerir um ou outro detalhe.
Vale notar que as gôndolas tinham truques de lata, com 2 eixos por truque. No entanto, também tinham 2 topes em cada extremidade, aos lados do engate, conforme o sistema europeu.
O engate era puramente manual — alça móvel e pino, de encaixar.
Os trilhos eram feitos de chapa dobrada em forma de "U" invertido (ômega), e a junção se fazia por pinos inseridos na parte oca. Os dormentes eram feitos de uma espécie de fibra, bastante rígida.
Também foi produzida outra versão, com 2 carros de passageiros. O Paulo Roberto B. Basto da Silva, do Rio, RJ, chegou a ter um conjunto desse antigo trem de lata da Estrela — versão de passageiros.
Vale distingüir esta "Época Antiga" como algo separado da "Pré-História", porque já começam a existir alguns registros escritos sobre ela — nem que sejam apenas cartas de vários companheiros.
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017 Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017 Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016 |
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