História do ferreomodelismo no Brasil
Decais LAF
Flavio R. Cavalcanti - Ago. 2013
Os Decais LAF foram produzidos entre as décadas de 1980 e 1990 por Luís Carlos Bellotto, Alberto Henrique del Bianco e Fábio Dardes cujas iniciais deram origem à sigla.
Foi uma iniciativa pioneira, numa época em que ainda não havia Photoshop, Corel Draw ou impressoras caseiras que permitem produzir uma folha a cada encomenda, paga à vista. Tampouco havia internet para viabilizar a venda direta aos ferreomodelistas.
Emblemas e letras tinham de ser desenhados em prancheta, levados a um birô de fotolitos, para transformar a imagem em filme, e depois, a alguma gráfica especializada, que cobrava caro para imprimir (ou fazer silk-screen?), de uma só vez, uma simples centena de folhas de decalques, a ser paga à vista, ou quase.
Havia sempre o risco de as pequenas gráficas, que aceitavam orçar preço razoável para mobilizar seu equipamento por um serviço tão reduzido, entregarem decalques mal impressos, com fantasmas uma cor mais ou menos deslocada em relação à outra.
Ao final, apenas um punhado de lojas se dispunham a distribuir aquele pequeno lote de decalques, que podia levar mais de um ano até ser totalmente revendido. Por isso, tinham pouco ou nenhum interesse em bancar, mesmo aquele pequeno estoque de capital empatado numa época em que a inflação chegava a 20%, 40% e até 80% em um único mês.
O interesse das lojas centrava-se em locomotivas importadas de preferência, um exemplar de cada modelo, gerando a urgência do freguês comprar de imediato, antes que outro comprasse e numa freguesia habilitada a fazer compras de vulto, moradora do eixo Rio - São Paulo, ou preparada para uma viagem, ou disposta a gastar DDD (caro, na época) para sondar por telefone a disponibilidade de itens que pudessem lhe interessar.
Tabela de preços, apresentando todos os itens disponíveis, a ser preparada, xerocada, dobrada, etiquetada e despachada pelos Correios, para chegar a todo o país no final de 11 ou 15 dias, além do trabalho, despesa e demora, implicavam em riscos difíceis de prever. Se num único mês a inflação chegava a 25%, ninguém podia garantir que no mês seguinte os preços não subissem 40% ou, que o governo não lançasse mais um plano econômico, congelando todos os preços.
Enfim, boa parte dos itens oferecidos pelas lojas de alcance nacional não tinham nota fiscal o que, por si só, desaconselhava documentá-los publicamente, com nome, endereço, telefone e carimbo postal.
O resultado desse conjunto de fatores era uma mercado nebuloso, para a maioria dos ferreomodelistas menos endinheirados, em 99% do território nacional e uma rala documentação dos lançamentos, datas etc.
A tabela abaixo indica [provisoriamente: Ago. 2013] apenas os registros de um levantamento inicial, nas páginas do Centro-Oeste, a partir de meados de 1988.
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