MR Custom: para uma história do Ferreomodelismo no Brasil
Vida curta para um lançamento
Vagão prancha RFFSA - Rede Ferroviária Federal

Flavio R. Cavalcanti
Centro-Oeste n° 64 — 10 Mar. 1992

Este artigo de 1992 apresenta, além do ferreomodelo lançado por MRCustom, o impacto causado pelo lançamento Frateschi do mesmo vagão (FRC, 2013).

Um vagão de 60 pés - 18,3 m = 210 mm HO - não é exatamente o que eu escolheria para fabricar em escala HO, no Brasil. É grande demais, num mercado onde a maioria dos modelistas não dispõe de uma casa espaçosa, sendo comuns mini-ferrovias com curvas de raio = 36 cm, 42 cm e 48 cm.

No entanto, foi uma das primeiras escolhas da MR Custom Service, ao experimentar a produção semi-artesanal em resina: o vagão-prancha PES-617.026-9F, que opera entre Rio e SP (Foto de Capa).

Há certa lógica na escolha, já que o eixo Rio-SP reúne a grande maioria dos modelistas, e muitos ainda se referem ao trecho como "Central do Brasil", o que lhe dá um sabor especial.

Por coincidência, a Frateschi também escolheu um prancha de 60 pés para o seu próximo lançamento (CO-63/4). Isso, provavelmente, encerrará a produção do modelo MR Custom Service no nascedouro. Lançado em plena crise, só a Train Shop (Rio) e a Rio Grande (SP) fizeram encomendas, no Brasil. A série parou em 60 unidades.

O modelo da MR Custom Service é oferecido sem truques e sem engates; e com ou sem as inscrições já aplicadas - neste último caso, acompanha a folha de decais LAF produzida especialmente para ele, contendo: "RFFSA" // (símbolo) // "PES-617.026-9F" // Quadro de revisões // Peso, tara e lotação limite // "Empregar exclusivamente sapatas de composição", em duplicata para as 2 laterais.

O modelista deve cobrar 2 folhas, pois a inscrição "Empregar exclusivamente sapatas de composição" é utilizada 4 vezes. A folha LAF do PES também traz 2 inscrições "PES-616. . . . - . F", mais 4 conjuntos de números de 0 a 9, permitindo que o modelista aplique numerações diferentes. Nas versões com inscrições pré-aplicadas, existem o "PES-616.923-6F" e o "PES-616.490-1F".

O vagão é um tanto ingrato para fotografar, já que, além de inteiramente preta, sua superfície é lisa - exceto detalhes laterais e inferiores. Cada lateral apresenta bainhas (não perfuradas) para 17 fueiros. Por baixo do chassi, já traz o rasgo para instalar a caixa do engate, seja Kadee ou Phoenix.

O modelo MR Custom Service tem 205 mm de comprimento, quando a medida exata para 60 pés em HO seriam 210 mm. Não chega a ser uma tragédia, se for usado vazio ou com carga siderúrgica, como chapas, bobinas etc. Se o modelista pretende fazer seus próprios containers (DC-11-12/7), bastará fazê-los com cerca de 2 mm a menos.

Já se colocarmos sobre ele 3 containers de 20 pés da Kibri (69 mm), a diferença se fará sentir concretamente.

Modelo & Protótipo

Faltam informações específicas do protótipo retratado. Tudo que pude encontrar na plantoteca do CO foi um antigo "NLE" da Central do Brasil, com 100 unidades fabricadas pela Cobrasma em 1972. Apresenta 18,3 m de comprimento útil; tara "média" de 27 mil kg; e peso total até 100 mil kg. É descrito como "plataforma com fueiros" (17 em cada lateral) e apresenta estrado metálico.

Vagão PES MRCustom
RFFSA | RFFSA 6ª Divisão | RFFSA EFCB

Pela codificação usada no Brasil, "PES" significa: (P) vagão prancha; (E) convencional com estrado metálico; e (S) bitola larga / peso máximo 100 toneladas. A faixa de numeração de 600.000 até 999.999 é reservada para a RFFSA; o dígito-verificador "9" é calculado a partir dos dígitos que compõem a numeração; e a letra "F" significa que o vagão está lotado na SR-3, de Juiz de Fora, à qual pertence o trecho Rio-SP (ver IF-20 e 21).

Marcelo Lordeiro informa que o protótipo é utilizado no transporte de containers de 20 e 40 pés; e produtos siderúrgicos a céu aberto, como chapas de aço, tubos, tarugos, perfis, fio-máquina e bobinas de aço laminado — estas, cobertas com lona, como no projeto mostrado no DC-17/10.

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