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Debret, 1824* Corcovado Estrada de Ferro
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Debret cita boatos de preparativos em Portugal para a reconquista do Brasil na época da Independência como o motivo que levou D. Pedro I a fortificar, dentro e fora da baía do Rio de Janeiro, todos os pontos de defesa contra um desembarque inimigo.
A estas fortificações, o imperador acrescentou uma linha telegráfica de Cabo Frio ao Rio de Janeiro, prolongada até o palácio de Santa Cruz, residência de recreio da Corte, situada a doze léguas da capital.
Tratava-se de telégrafo por sinalização visual (bandeiras), que permitiria transmitir rapidamente o aviso de aproximação de uma frota militar portuguesa, desde o momento em que fosse avistada, ainda longe do Rio de Janeiro.
D. Pedro I teria decidido aplicar os conhecimentos recém adquiridos nesses trabalhos abrindo trilhas até o alto de diversas montanhas, com seus engenheiros militares , na abertura de um caminho, para um só cavaleiro, até o topo do Corcovado, que permanecera, até então, impraticável:
Pessoalmente responsável por essa empresa, e diariamente a cavalo desde madrugada, dirige os trabalhos e, aproveitando com inteligência a natureza do solo, alcança em muito pouco tempo o objetivo que se propusera. Manda em seguida cercar por um parapeito a extremidade superior do morro, pequeno platô formado por um bloco de granito nu em que outro pedaço, separado por uma fenda, apresenta na frente um segundo pico íngreme, com acesso através de um pontilhão de madeira. Graças a essa obra ousada o viajante atinge facilmente o ponto culminante, donde pode admirar o imenso quadro do interior e exterior da baía, limitado a leste pelo Cabo Frio e a Ponta Negra e dos outros lados por montanhas formando os últimos planos [Debret p. 282-287].
Sem mudança de parágrafo escrevendo década e meia mais tarde, já de volta à França Debret avança no tempo, sem indicar épocas exatas, e afirma que, a partir daquele momento, a viagem ao Corcovado tornou-se um passeio para a Corte, os estrangeiros e o resto da população ativa, que a isso consagrava o domingo. É onde aproveita para louvar as deliciosas paradas do caminho, frequentadas por grupos numerosos que aí passam de bom grado um dia inteiro.
A forma como aborda em retrospecto a existência da esplanada, induz à impressão de um objetivo social presente desde sua abertura:
A pequena distância do cume, e perto da nascente mais alta, encontra-se um “rond-point” bem abrigado e preparado graças a uma pequena derrubada e reservado pelo imperador a um acampamento provisório para os dias em que a Corte aí vai fazer uma refeição campestre.
Debret, porém, afirma que chegou ao topo do Corcovado mais ou menos ao meio-dia e, depois de alguns ahs e ohs, pôs mãos à obra durante três horas.
Não cita imperador, nem comitiva imperial mas, apenas, meus companheiros de viagem, jovens pintores brasileiros meus alunos.
Esses jovens pintores, deve tê-los mandado às tintas, logo após os ahs e ohs iniciais, para não atrapalharem seu trabalho quatro paineis panorâmicos super detalhados, em três horas! , pois só foi reencontrá-los na cabana dos telegrafistas, preludiando alegremente à refeição que nos devia reunir.
Ao final, os telegrafistas nossos hospedeiros foram brindados com os restos das provisões. Não significa, necessariamente, que não tenham sido admitidos à mesa. Mas, sem dúvida, ficaram felizes com o reforço da munição de boca.
Nº 1. O grupo do primeiro plano é formado, na frente, pelo pequeno platô de cuja ponta avançada desenhei. Vê-se uma parte do parapeito ligando-se ao pontilhão de madeira que comunica com o platô maior, no qual se encontra a cabana dos telegrafistas. A construção esconde aqui a entrada do caminho pelo qual se chega, depois de subir uma rampa bastante íngreme e cujo prolongamento tem tal declive que não permite verem-se os planos interiores desse morro tão extraordinário pelo seu escarpamento. Veem-se à direita, num segundo plano já bastante afastado, os morros e colinas recobertos de vegetação que alargam a sua base e vão unir-se à serra da Tijuca, dominados pelo pico chamado Bico de Papagaio, e à esquerda pela Mesa, enorme bloco de granito de cimo achatado. O terceiro plano, também montanhoso e recoberto de vegetação, guia o olhar para o pé da serra do Mar, que fecha o fundo da baía (nº 2) ( ) [Debret p. 282-287].
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(*) A confirmar, se as aquarelas das pranchas 52, 53 e 54 datam, realmente, de 1824 (FRC).
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