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ABPF
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A locomotiva 0-10-0 Tentugal nº 50 foi adquirida funcionando, em meados de 1994; transportada por carreta, ao longo de 2 semanas, até Jaguariuna, onde passou por uma recuperação intensiva (substituição de inúmeros tubos da caldeira); e inaugurada em Março de 1995, em comemoração ao 17º aniversário de fundação da ABPF adiada em 6 meses.
Não foi a primeira vez que se adiou um aniversário. Em 1989, por exemplo, o grande volume de excursões previamente agendadas fez com que o 12º aniversário da ABPF fosse transferido de Setembro para 7 de Outubro [Centro-Oeste Textos nº 12 25 Set. 1989].
Terá havido uma avaliação inicialmente otimista da quantidade de tubos a serem substituídos na Tentugal?
Tudo indica que o ritmo de trabalho foi febril. Informações circulavam, e as expectativas se avolumaram mês a mês. Chegou-se a recear que a inauguração só pudesse ocorrer em Abril, — e só no último momento a data foi fixada para o segundo final-de-semana de Março, já com prazo apertado para o Informativo ABPF (s/nº) ser entregue aos Correios e chegar aos associados de todo o país. Quando recebi, o Centro-Oeste nº 94, que deveria ser postado nos Correios em 1º de Março, já estava pronto para entrar na gráfica, com um aviso do Kelso Medici, e mal houve tempo de inserir naquela nota algumas informações da própria ABPF — que acabaram exigindo correção posterior.
Convite para a inauguração da locomotiva Tentugal nº 50 da ABPF em Fev. 1995 |
A Diretoria da ABPF tem o prazer de convidar o prezado associado para a Inauguração da Locomotiva nº 50 — Marca: Henschel & Sohn AG (Alemanha), Ano: 1930; Rodagem: 0-10-0 (Decapod) — a ser realizada no dia 11 de Março de 1995, às 10:00 horas, na Estação de Anhumas, em Campinas, SP.
A locomotiva nº 50 é oriunda da Viação Férrea [Federal] Leste Brasileiro, tendo sido, depois, adquirida pela Usina São José (Campos, RJ), onde era utilizada para o transporte de cana. Nessa Usina, a nº 50 recebeu o apelido de “Tentugal” e era uma das locomotivas preferidas do saudoso fundador da ABPF, Patrick Dollinger.
A “Tentugal” foi, posteriormente, adquirida pela Usina Santo Amaro, também de Campos, sendo, recentemente, colocada à venda como sucata, juntamente com outra locomotiva, a de nº 221 (ex-EFL), uma 2-8-0 (Consolidation), fabricada em 1914 por Robert Stephenson (Inglaterra). Graças à intervenção e ao esforço do associado José Luis Valle Fróes, Diretor Administrativo da Regional Rio de Janeiro, foi possível salvar as locomotivas do sucateamento e estabelecer negociações para a aquisição das mesmas.
Um particular se propôs a adquirir a “Tentugal” e cedê-la em comodato para a ABPF, patrocinando, inclusive, o seu transporte para Campinas, bem como o transporte da 221 até a linha da RFFSA, em Campos, uma vez que esta foi adquirida pela ABPF-RJ.
A “Tentugal” chegou a Campinas no dia 9 de Julho de 1994.
Apesar de seu estado estar razoavelmente bom, após os primeiros testes verificou-se a necessidade da troca de inúmeros tubos da caldeira.
Após meses de trabalho da equipe de mecânicos da ABPF, liderada pelo Manoel de Jesus Martins, finalmente conseguimos colocar mais uma locomotiva em funcionamento.
Com a nº 50 o acervo de locomotivas a vapor da ABPF passa para 26 exemplares, das quais 13 estão em funcionamento. Não perca sua sensacional viagem inaugural.
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A notícia da aquisição das locomotivas nº 50 e 221 no estado do Rio foi imediata. Hugo Caramuru soube por telefone e pediu detalhes. Quando o Centro-Oeste nº 90 já estava quase pronto, chegaram mais informações:
Segundo Maurício Carvas, da ABPF-RJ, um grupo teria comprado 2 locomotivas a vapor em Campos, RJ. Uma seria a nº 221 da ex-Leopoldina; a outra, não soube dizer. Seria usada em passeios no trecho da ex-RMV, entre Lídice e Barra Mansa. Nesta mesma linha, de Angra a Lídice, funciona o "Trem da Mata Atlântica". Tudo isso, por telefone e eu fiquei de água na boca. Conta mais! [Hugo Caramuru. Vapores. Quadro de Avisos, Centro-Oeste nº 90 — 1º Jul. 1994].
As locomotivas adquiridas pela ABPF-RJ são: (A) Uma raríssima 0-10-0 de fabricação Henschell, 1930, com nº 50, para uso na VF Campinas a Jaguariúna; (B) Uma 2-8-0 de fabricação Stephenson, 1914, nº 221, para uso no Estado do Rio; e (C) Uma diesel de fabricação Stoltz, também para uso no Rio [Informativo ABPF-RJ, Mai. 1994, cf. Locomotivas. Último apito, Centro-Oeste nº 90 — 1º Jul. 1994].
Logo começou a se esboçar a história anterior da Tentugal:
Conforme Eduardo Coelho, a locomotiva recém-chegada à ABPF-Campinas, e citada no CO-90/19, tem o número de série 21.687. Pertenceu à usina Santo Amaro, em Baixada Grande, Campos, RJ, e antes disso, à usina Barreiros, de Recife, PE. O Eduardo fotografou-a ainda em Campos, em Ago. 1988, e a foto apareceu na Revista Ferroviária de Set. 1989 [Kelso Médici. Usineira. Quadro de Avisos, Centro-Oeste nº 91 1º Out. 1994].
O trecho de Eduardo Coelho, citado pelo Kelso, informava que a Tentugal foi fabricada pela Henschel em 1930, com nº 21.687; e que depois de passar por várias usinas brasileiras ela pertence hoje à Usina Santo Amaro [Visita aos canaviais. Eduardo Coelho. RF Set. 1989].
As informações seguintes foram nada menos do que dois relatos do transporte das locomotivas adquiridas:
Em sequência, o receio da inauguração ser adiada para Abril; e a definição da inauguração em Março, quando já faltavam poucos dias:
Devido aos trabalhos de reforma da locomotiva nº 50 Tentugal a festa do 17º aniversário da ABPF, na VF Campinas a Jaguariúna, em princípio foi adiada para Abril 1995, quando a nova locomotiva será apresentada [Informativo ABPF-RJ nº 44, Nov./Dez. 1994, cf. Quadro de Avisos. Campinas. Centro-Oeste nº 93 1º Fev. 1995].
Talvez não haja tempo para divulgação, mas a última data marcada para a festa de aniversário da ABPF, em Anhumas (Campinas, SP) é 11 de Março, quando será apresentada a locomotiva Decapod (0-10-0) Henschell de 1930, nº 50 da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro [Kelso Médici. Anhumas. Quadro de Avisos, Centro-Oeste nº 94 1º Mar. 1995].
Passada a correria, as atenções focaram-se na história anterior da locomotiva (VFFLB ou não) e na classificação correta (Decapod ou Ten-Wheeler).
A locomotiva nº 50 citada no CO-94/28 [Anhumas] é uma Ten-Wheeler (0-10-0) manobreira (switcher) e não Decapod (2-10-0).
Ignoro que ela tenha pertencido à Viação Férrea Federal Leste Brasileiro (VFFLB). Conforme comentei no CO-91/24, baseado em informações do Eduardo Coelho, ela pertenceu à Usina Santo Amaro, em Baixada Grande, Campos, RJ; e antes disso, à Usina Barreiros, do Recife, PE.
O fabricante é Henschel somente um "L" no final (Kelso Médici, S. José dos Campos, SP).
Agradeço a correção na grafia da Henschel & Sohn AG. Como não sei alemão, às vezes exagero na quantidade de LL.
As informações acrescentadas à sua nota pela Redação do CO foram extraídas do Boletim ABPF s/nº, de Fev. 1995; e confirmadas pelo convite avulso da ABPF, que o acompanhou enviados em cima da hora, quando já não havia condições de alterar as páginas do CO-94.
Antes disso, já o material informativo emitido pela ABPF-RJ afirmava tratar-se de uma Decapod 0-10-0 (CO-92/23).
De fato, nenhum livro consultado atribui essa denominação à rodagem 0-10-0. "Decapod" costuma indicar uma 2-10-0 ( ) [Tentugal nº 50 vs. F.M.Whyte / Classificação Whyte, França, Alemanha, in Centro-Oeste nº 95 1º Mai. 1995].
Locomotiva 0-10-0 Tentugal nº 50 Henschel 0-10-0 nº 21.687, de 1930 em sua festa de inauguração na VFCJ - Viação Férrea Campinas-Jaguariúna, da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, em 11 Mar. 1995 [Pedro Rezende. Capa do Centro-Oeste nº 96 1º Set. 1995].
Acervo de Locomotivas (Fevereiro 1995) |
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Ref. | Local | Nº | Fabr. | Ferrovia | Rod. | Nº Fabr. | Ano | Obs. |
1 | Campinas | 50 | Henschel | VFFLB | 0-10-0 | 21.687 | 1930 | Func. |
2 | Campinas | 103 | North British | CNCP | 0-6-0T | 25.914 | 1945 | p/ ref. |
3 | Campinas | 210 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 35.818 | 1911 | Func. |
4 | Campinas | 215 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 37.710 | 1912 | Func. |
5 | Campinas | 222 | Baldwin | RVSM | 2-8-0 | 37.517 | 1912 | Func. |
6 | Campinas | 232 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 53.159 | 1920 | p/ ref. |
7 | Campinas | 235 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 54.057 | 1920 | p/ ref. |
8 | Campinas | 505 | Schwartzkopff | VFCO | 2-8-2 | 8.904 | 1927 | Func. |
9 | Campinas | 520 | Baldwin | VFCO | 2-8-2 | 38.162 | 1921 | p/ ref. |
10 | Campinas | 604 | Baldwin | CPEF | 4-6-0 | 14.255 | 1895 | p/ ref. |
11 | Campinas | 725 | Alco | CMEF | 2-8-2 | 65.543 | 1927 | p/ ref. |
12 | Campinas | 17 | Brookville | CPPS | 8 | 1946 | Func. (1) | |
13 | Jaguariuna | 236 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 54.058 | 1920 | em exp. |
14 | Barra Bonita | 205 | Baldwin | VFCO | 4-6-0 | 34.216 | 1910 | Func. (2) |
15 | EFCJ | 2 | Alco | CNCP | 0-4-0T | 68.621 | 1932 | Func. |
16 | Sorocaba | 8 | Krauss | CDS | 0-4-0T | 2.093 | 1889 | Func. (3) |
17 | Araraquara | 9 | Borsig | EFA | 4-8-0 | 8.503 | 1912 | Func. |
18 | Araraquara | 10 | Sharp Stewart | SPR | 0-6-0T | 1867 | p/ ref. (4) | |
19 | Pedregulho | 302 | Beyer Peacock | CMEF | 4-6-0 | 3.824 | 1896 | Func. |
20 | Pedregulho | 332 | Baldwin | VFCO | 4-6-2 | 58.852 | 1927 | Func. |
21 | Pedregulho | 338 | Baldwin | VFCO | 4-6-2 | 58.884 | 1927 | Func. (5) |
22 | Pedregulho | 405 | Beyer Peacock | CMEF | 4-6-0 | 1892 | p/ ref. | |
23 | Cruzeiro | 522 | Alco | VFCO | 2-8-2 | 66.747 | 1926 | p/ ref. |
24 | Cruzeiro | 770 | Baldwin | CMEF | 2-8-2 | 72.218 | 1946 | p/ ref. |
25 | Cruzeiro | EFB | EFB | B+B | p/ ref. (6) | |||
26 | Rio de Janeiro | 101 | EFL | A | Func. (7) | |||
27 | Porto Novo | 221 | Robert Stephenson | EFL | 2-8-0 | 1914 | p/ ref. | |
28 | Rio Negrinho | 160 | Baldwin | EFDTC | 2-8-2 | 72.209 | 1945 | Func. |
29 | Rio Negrinho | 204 | Baldwin | EFDTC | 2-6-6-2 | 74.647 | 1946 | p/ ref. |
(1) Locomotiva a diesel (2) Será removida de Barra Bonita (3) Bitola de 0,80 m (4) Bitola de 1,60 m (5) Única locomotiva de 3 cilindros (bitola métrica) do Brasil (6) Litorina (7) Auto de linha Fonte: Informativo ABPF s/nº, Fev. 1995 |
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