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Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - Regional Paraná
A volta da litorina MAN n° 24

A "galera" da ABPF-PR reunida diante da automotriz MAN (Alemanha, 1938) ao final da viagem de teste entre os municípios de Antonina e Morretes, no litoral do Paraná, dia 25/10/2003. Foi "'escoltada" pelo Fairmont n° 207 da ABPF-PR, e teve como maquinista o "Toninho", último a operá-la quando em atividade comercial. Um dia excepcional, coroando o esforço iniciado em 1995 com a fundação da ABPF-PR.

  

Viagem de teste foi um sucesso.
É aguardada liberação para operação regular

Texto e mapas: Raul Carneiro Neto — Fotos: Luiz Felipe Gabriel Elias
Participar? parcerias@abpfpr.com.br

Confesso que errei ao supor que haveria interesse apenas pelas fotos do percurso de teste entre Antonina e Morretes, quando a ABPF-PR fez a primeira viagem com a automotriz MAN n° 24. Enviei ao grupo apenas um pequeno texto sobre a viagem, mas trocando umas mensagens com o Flávio, ele comentou que o pessoal "estava seco" para saber mais sobre o evento. Então vamos lá. Todos a bordo.

  

Como é de hábito, nos reunimos no galpão das motrizes (oficinas da ABPF) próximo à estação rodoferroviária de Curitiba às 07:30. De lá saímos às 08:00, em um grupo de 12 pessoas para percorrer de carro aproximadamente 100 km até a cidade de Antonina, descendo a bonita BR-277 que liga Curitiba ao litoral do Paraná. A outra opção de acesso rodoviário seria pela Estrada da Graciosa, antiga, sinuosa, verde e também incrivelmente bela, com boa parte do pavimento construído com paralelepípedos. Mas para nós a opção da Graciosa é mais demorada, pois é uma estrada muito estreita e de pista simples, onde os veículos trafegam com preguiça e as pessoas "curtem" a paisagem sem pensar no tempo. Para os colegas que não conhecem, saibam que existe esta opção que é a versão rodoviária da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá (ainda que, naturalmente, esta última seja infinitamente mais bonita, sem sombra de dúvida).

Vale lembrar que a região entre a serra do mar e litoral do Paraná é uma das poucas remanescentes preservadas de toda floresta de mata atlântica do Brasil. Não é à toa que os turistas que descem a serra, principalmente de trem, ficam extasiados com a riqueza da mata, dos lajeados de água cristalina e das fantásticas paisagens proporcionadas pelas obras de arte ao longo da estrada de ferro.

Terminamos a descida do trecho de serra a 70 km de Curitiba, já praticamente ao nível do mar, e viramos à esquerda para percorrer mais 13 km até a cidade de Morretes, distante 15 km de Antonina.

Chegamos em Antonina +/- às 8h50. A litorina está parada na segunda linha da estação, no local onde foi descarregada, paralela à linha da plataforma. Ferramentas, duas baterias novas (de 150 A cada para virar o motor "cummings" de 150 HP), uma pequena "wap" para lavar o motor, luvas e botas de segurança, capacetes. Tudo pronto para começar o trabalho. Alguns já ligam o "Fairmont" para aquecer o motor. Outros auxiliam na colocação das novas baterias, enquanto o amigo Romeu (mecânico da área de freios da ALL), Toninho e Edmilson fazem os últimos ajustes para fazer a 24 "roncar" de novo. Uma parte do pessoal está colocando ordem na nossa sala da estação. Os mais esfomeados já combinam o preço e a quantidade de almoços com a "tia" da lanchonete. É a ABPF-PR fazendo funcionar a economia do município. A cidade começa a se agitar, pois "o pessoal do trem" está lá na estação.

  

Para quem viu há quase dois anos um "bando de malucos" desenterrando a linha do "ramal do Matarazzo" (cujo nome oficial é Itapema) com pás, picaretas e uma pequena gôndola movida a "pirados-vapor" (o "Fairmont" ainda não estava recuperado), o progresso foi enorme. Sabemos que boa parte da população não acreditava em nosso trabalho, mas alguns "botaram fé", nos ajudaram, e aí está a nossa resposta.

A volta da MAN n° 24
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