Flavio R. Cavalcanti - 30 Mai. 2014
Inaugurado o último trecho de seu projeto original, ligando Anápolis (GO) à EF Carajás e ao porto de Itaqui (MA), a Ferrovia Norte-Sul passa a operar com 35 pátios de cruzamento de trens, ou 34 trechos entre eles, o que permite, em tese, a movimentação simultânea de 17 pares de trens em sentidos opostos, o tempo todo, ao longo de seus 1.576 km. De fato, por enquanto, serão duas ferrovias distintas:
Tramo NorteAo ser licitado para subconcessão, em 2006, o Tramo Norte apresentava características variadas, herdadas das diferentes épocas em que seus trechos tinham sido, estavam sendo ou ainda seriam construídos:
A rampa máxima é de 0,6%, tanto no sentido de importação quanto no de exportação. O raio mínimo de curva é de 320 metros. Os AMVs são de 1:14 na linha principal; e de 1:12 e 1:8 nas linhas internas dos pátios e terminais multimodais. Não fica muito claro que os pátios de cruzamento de fato tivessem, naquele momento, extensão mínima de 1.700 m. O trem-tipo previsto no edital, considerando locomotivas GM ou GE de 4.400 HP, não combina com essa extensão, excessiva para tração simples e insuficiente para tração dupla.
De todo modo, pelo edital, o arrematante (Vale) deve ampliar os pátios de cruzamento e implantar outros, à medida em que o tráfego da ferrovia exigir. O edital previa, ainda, a obrigação de o arrematante permitir até 2 pares de trens de passageiros por dia, nos dois sentidos; e para eles foram consideradas locomotivas GE ou GM de 3.000 HP. Os terminais multimodais de carga são implantados e administrados comercialmente pela Valec. Tramo SulDe acordo com o Comunidado de oferta pública nº 01/2014, o Tramo Sul da FNS apresenta rampa de até 1,45% no sentido importação, presumivelmente, desde o porto de Itaqui e outros que venham a ser ligados, no litoral norte, e os mesmos 0,6% no sentido exportação. O raio mínimo de curva é um pouco maior, de 343,8 m, e a capacidade de suporte da via foi dimensionada para 32,5 toneladas por eixo. Pela extensão dos desvios de cruzamento, o Tramo Sul já começa a operar com capacidade para trens com tração dupla (duas locomotivas).
A velocidade máxima autorizada é de 60 km/h, naturalmente, quando os aterros estiverem suficientemente consolidados, trecho por trecho, coisa que costuma demorar pelo menos um ano [Note-se que o mapa Valec de Abr. 2012 dava como construído o trecho de Anápolis à divisa do Tocantins. Já o mapa Valec disponível em Mai. 2014 dava como construído o trecho de Santa Isabel (GO) a Palmas (TO)]. O que começa agora, com a inauguração oficial em 22 Mai. 2014, é a chamada operação assistida, período de testes e ajustes que antecede a operação comercial regular. É pelo regime de operação assistida, presumivelmente, que em 20 Mai. 2014 partiu de Gurupi (TO) o primeiro trem com destino a Palmas (TO), levando minério de ferro a ser utilizado nas siderúrgicas do polo de Carajás ou exportado pelo porto de Itaqui. Pelo mesmo regime, foram autorizados trens de minério de manganês, também de Gurupi para o Tramo Norte. De qualquer modo, o edital de oferta pública publicado pela Valec em 12 Mai. 2014 abre prazo de 3 meses para operadores ferroviários independentes (OFI) e operadores de transporte multimodal (OTM) apresentarem suas demandas, com indicação do fluxo (origem-destino), o período (semanal / mensal) e a quantidade (pares de trem). «» ª
Ferrovia Norte-Sul
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Pátios & pátiosOs pátios ou terminais multimodais, às vezes chamados intermodais, são áreas de dezenas de hectares, anexas à ferrovia, destinadas à instalação de equipamentos para trasbordo de carga. Os mais comuns, até agora, são terminais de soja, fertilizantes e combustíveis. Os pátios de cruzamento tendem a ser bem mais numerosos, formados por pelo menos duas linhas paralelas, com extensão suficiente para conter dois trens inteiros, viajando em sentidos opostos, além de instalações necessárias à operação da ferrovia, como postos de abastecimento de locomotivas e outros serviços. À medida em que aumenta a demanda por transporte, os pátios de cruzamento devem ser alongados, para receber trens maiores; e/ou devem ser construídos mais pátios, reduzindo o espaçamento entre eles, para permitir o trânsito de maior número de trens, nos dois sentidos, e no mesmo período de tempo. O aumento da demanda também leva à criação de mais terminais de carga, sempre considerando que uma ferrovia é uma linha de produção, fixa, dentro da relação custo / benefício. Não se investe, desde o início, para um nível de demanda que ainda está no horizonte do futuro.
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