Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
A estatal das ferrovias
Flavio R. Cavalcanti
Criada na década de [1980 ou 1990] para construir a Ferrovia Norte-Sul, a Valec acabou se transformando na empresa do Estado brasileiro
encarregada de planejar, estudar, projetar, construir, operar as ferrovias que a iniciativa privada não se mostra interessada em implantar.
Ou para mover concorrência e, assim, desafiar a iniciativa privada a acelerar os poucos trechos ferroviários que há décadas
finge construir.
É o caso da Ferronorte, concessão cujo detentor já não poderá manter estacionada poucos quilômetros
além da caríssima ponte construída com dinheiro dos contribuintes sobre o rio Paraná, confiando na reserva de
uma vasta "zona privilegiada", abrangendo todo o norte do Mato Grosso, mais a rota de Santarém, Rondônia, Acre...
pois, a qualquer momento, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste começará a invadir essa praia.
A Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) cuja maior realização em 10 anos foi adotar o nome de fantasia "Transnordestina
Logística" já não pode sonhar com a reserva de uma "zona privilegiada" a oeste de Eliseu
Martins (PI). Isso não lhe pertence mais. Pelo contrário, agora terá de avançar, ou sua desafeta, a Vale, entrará
pela Transnordestina a dentro, tomando as cargas com que sonhava.
A "estatal dos trilhos" absorveu, além de várias funções que um dia foram da Rede Ferroviária
Federal S.A., também a parte do pessoal especializado da RFFSA que ainda não se havia dissolvido.
Dentro do novo quadro institucional, porém, a função da estatal dos trilhos não é operar trens e ferrovias,
mas apenas construí-las e subconcedê-las.
O trecho norte da Ferrovia Norte-Sul, por exemplo, foi arrematado pela Vale (ex-CVRD, Companhia Vale do Rio Doce), operadora da Estrada
de Ferro Carajás, que a conecta ao porto de Itaqui, em São Luís (MA). Com o pagamento feito pela Vale, o Tesouro reinveste
na construção de novos trechos, através da Valec.
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