Os trechos abaixo são apenas uma pequena parcela
da conversa sobre o assunto na lista de discussão Ferrovia
Global.
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Caro Moabi acho que vc não trabalha no setor plástico/industrial e não conhece a "arte" de confecção de moldes/ ferramentas de injeção.
A primeira coisa a se levar em conta, quando se quer produzir uma peça injetada, é saber o peso total desta peça (peça + galho de injeção), o tamanho dela (todas as dimensões) e o tamanho aproximado do molde (levando-se em conta todos os acessórios dos mesmo, como exemplo cilindros hidráulicos, sistema de extração, etc.).
Imagine uma G-12. Vamos primeiramente desenha-lá.
O desenho da locomotiva reflete muito pouco o desenho do modelo plástico, pois o mesmo é formado de maneiras diferentes do protótipo real. Veja a G-12 da Frateschi, vc tem corpo, cabines, vidros, chassi, truques de acabamento, aparelho redutor (caixa externa, engrenagens diversas e sem-fins), suporte do motor, fixação do motor, cardã, acoplamento do freio dinâmico e acoplamento do redutor.
Façamos as contas dos números de moldes necessários para fazer estas peças. A grosso modo, se tivermos 1 molde para cada tipo de peças teremos 12 moldes para produzir uma locomotiva. Vc poderia dizer: Por que não colocar as peças pequenas num mesmo molde? Eu lhe respondo: Pois isto dificultaria o balanceamento do mesmo e a dificuldade para projetar o canal de injeção que "encha" todas as peças.
Vamos fazer alguns cálculos, preço do 1045: R$9,70kg chapa de 1/2 polegada. Hora da eletro-erosão: R$30,00, Hora da usinagem convencional: R$17,00. Hora de um ferramenteiro ajustador: R$4,70.
Vamos pensar no maior molde, o da carcaça.
Este molde seria confeccionado em 1045 (pois o PP/PS não ataca o aço), com 4 gavetas mecânicas, canal de injeção direta, tamanho aproximado do molde de 45x40x20 (altura, largura, comprimento). Pesaria em torno de 130kg. Para se construir este molde utilizar-se-ia uns 200kg de aço (em torno de R$1000,00 pois se utilizaria de aço de maior espessura para a confecção das placas, cavidades e gavetas dos mesmos), precisaria só para a cavidade umas 400 horas de eletro-erosão (coisa de R$12.000,00), mais umas 550 horas de usinagem convencional (R$ 9.350,00), mais umas 300/homem horas de ajuste (R$1.410,00). Só aí vc teria o valor de R$23.760,00 (não levando o custo do projeto do referido molde, coisa que vc poderia colocar uns 15.000,00 num projetista mediano). Valor aproximado neste molde: R$29.000,00.
Poderíamos supor um valor médio para os outros moldes de R$8.000,00. Assim teríamos um valor total do investimento de R$ 120.000,00 para produzir um produto único, a G-12. Além disto deve-se colocar o custo das rodas (são usinadas, não injetadas), motor (importação), etc.
Por maior vontade que o Sr. Celso Frateschi tenha de lançar um produto novo, não acredito que ele vá construir todo ele novo (veja o caso da U-5B, que utilizou 5 moldes novos, com um custo aproximado de R$50.000,00), sempre procurando aproveitar a maior quantidade de peças oriundas de outros produtos. Assim ele começou a fazer concessões. O redutor original, o motor original, etc.. Ele poderia faze-la na escala que quisesse, desde que valesse a pena. ou vc acha que ele não pensa em custo benefício ao produzir um modelo?
At
Joaquim
Moabi,
também não posso dizer que estou satisfeito com a escala 1:78,8 das locos estreitas da Frateschi. (Falta examinar os vagões, carros, TUEs).
Numa resposta há pouco, creio que o Joaquim já esclareceu os esforço e o custo envolvidos na produção de uma nova G-12. Eu já imaginava que não era brinquedo, mas não tinha idéia da dimensão do problema.
Além disso, falta a questão do motor. O Mabushi atual, simplesmente, não dá. Receio que teria de ser um motor mais caro (Kato?). Resta ver se o fabricante poderia se apoiar na confiabilidade de seu fornecimento.
Enfim, não dá para lançar só a G-12 na escala. Precisaria também lançar uma nova G22U/CU, uma nova U20C, e uma nova U5B.
Talvez o custo não seja exatamente 4 vezes maior, uma vez que truques-redutores e cardãs são compartilhados.
O problema seria menor se a Frateschi não tivesse lançado a U5B. Menor ainda, se não tivesse lançado a U20C. E bem menor, se não tivesse lançado a G22U/CU.
Infelizmente, quanto maior o "patrimônio acumulado", maior a dificuldade de dar uma guinada. É um tipo de "problema industrial" muito mais comum e generalizado do que a gente imagina. Tipo 220V versus 110V, gás encanado versus gás de botijão, etc.
Acho que o Celso está tão preso nessa teia, quanto a gente.
Flavio
Pensando sobre o relançamento, hipotético, do Celso Frateschi corrigir as locomotivas.
Acredito que o 1° passo seria mudar os redutores. Só que aí que está o 1° problema. Redutor é peça de engenharia, cheio de engrenagens de náilon e sem-fins, talvez, depois da carcaça seja a peça mais cara de se produzir em plástico (veja os custos da strambi 1 redutor=1 carcaça ).
Além do redutor teria que mudar todos os acabamentos de truques. Só aí teríamos um investimento muito elevado.
nviável, pois quantos compraríamos os novos modelos (transição)? O investimento não seria amortizado e teríamos a Frateschi em dificuldades financeiras (coisa que não quero, pois se isto ocorrer, dos 2000 modelistas que tem no Brasil sobrariam uns 20). Acho qualquer mudança inviável (...).
At
Joaquim
Caro Joaquim, de fato eu não trabalho no setor de plástico/industrial. Mas eu me interesso pelo setor industrial todo. Porque acho muito interessante saber como as coisas são fabricadas e o trabalho que da pra faze-las. Sei que não é fácil construir um molde.
Por gentileza será que você poderia me esclarecer algumas coisas sobre isso já que você trabalhar na área? Como são projetados esses moldes pra plástico? São desenhados no computador ou ainda usa a velha prancheta? E a Frateschi que desenha e faz os seus próprios moldes ou manda pra outra firma?
Ate mais
MOABI
No passado era tudo prancheta, hoje se o cara não faz em AutoCAD, ou outro programa qualquer de desenho, é louco. Pois um molde acaba tendo de 40 a 150 desenhos facinho.
Quanto a Frateschi, sei que constroem os próprios moldes, a empresa tem uma ferramentaria muito bem montada (inclusive o Celso comprou uma nova fresa no ano passado), incluindo o projeto.
Joaquim
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