Bitolas & escalas
no ferreomodelismo
Luiz R Baptista — Centro-Oeste nº 90
(1º-jul-1994)
A publicação dos artigos de Jorge Hereth,
"As escalas e suas bitolas no ferreomodelismo",
I e II (CO-86 e CO-87), me anima a comunicar minhas experiências
na questão.
Minha paixão, já na infância, era a Viação
Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), hoje SR-6 da RFFSA.
Sempre desejei ter modelos de suas locomotivas a vapor e a
diesel, de seus vagões e carros-motores.
O primeiro material de ferreomodelismo que tive foi inglês,
Hornby-Dublo, em escala OO, bitola 16,5 mm, presente de meus
irmãos.
Seguiu-se naturalmente o material da Atma; da Pioneer (só
2 vagões); e, mais recentemente, da Frateschi.
Esta última, me permitiu ter a G-12 e a G-22U, além
de vagões cargueiros semelhantes aos da SR-6 (bitola
métrica), mas em trilhos de 16,5 mm.
Em tempos já distantes, tentei fazer vagões
a partir de fotos tiradas por mim. Para reduzir suas medidas,
utilizava regra-de-três: — Se 1 metro, da bitola da
VFRGS, correspondia a 16,5 mm, então...
O resultado foi uma redução de 1:60,6 — e um
vagão de carga e um tênder, ambos em balsa, grandes
demais em comparação com o material que eu já
havia adquirido.
Tendo ido à Alemanha em 1968, lá conheci material
da Zeuke em HOm (bitola de 12 mm). Mas não me animei
a comprar.
Em 1983 estive na Europa e conheci alguma coisa da Bemo,
e principalmente um de seus protótipos, a Ferrovia
Rética. Mas só depois, graças a amigos
que viajaram à Europa, obtive trilhos HOm e respectivo
material rodante.
Um problema surgiu então: — Desistir da maquete HO
(em construção) e ficar só com HOm?
Com isso, eu perderia o material nacional e algum estrangeiro,
que já tinha.
O material HOm, apesar de muito interessante, só existe
para protótipos europeus, e é bem mais escasso
que o HO.
A solução adotada, encontrei na literatura
(Spieth, H.-J. & Balcke, G., Klein— und Nebenbahnen im
Modell, Düsseldorf, Alba, Kleine Modellbahn-Reihe, 20,
1979): — Duas ferrovias na mesma maquete, uma de bitola larga
/ normal (HO) e outra de bitola métrica (HOm).
Numa estação, as duas ferrovias têm alguns
trechos de linha em comum, em grades com 3 trilhos.
Exemplos de bitola dupla encontram-se em diversos lugares.
Conheço no Rio de Janeiro, em São Paulo (Campinas),
e aqui no Rio Grande do Sul, em Uruguaiana, onde a via férrea
argentina atravessa a ponte sobre o rio Uruguai.
As grades com 3 trilhos foram feitas colando o terceiro trilho,
com Araldite, sobre os dormentes previamente lixados.
Persiste uma dificuldade: — Os AMVs.
Mas, com habilidade, paciência e ferramentas adequadas,
será possível construí-los.
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Bitolas & Escalas no Ferreomodelismo
As bitolas e o nosso ferreomodelismo
O sistema ferroviário brasileiro apresenta 5 bitolas diferentes:
— Uma larga, a padrão, a métrica e duas estreitas.
No ferreomodelismo, temos apenas uma bitola de fabricação
nacional: — A de 16,5 mm.
Existem 3 países no mundo que têm a bitola larga de
1.600 mm. São a Austrália, a Irlanda e o Brasil.
Na Austrália, costuma-se representar a bitola larga em grades
de 16,5 mm, enquanto na Irlanda já é mais difícil
os ferreomodelistas abrirem mão de sua bitola larga.
Deve-se acrescentar que o ferreomodelismo australiano ainda é
jovem, como o nosso.
Quadro
I
Principais bitolas das ferrovias brasileiras |
Bitola
(mm)
|
Ferrovias atuais
|
Ferrovias
antigas
|
1.600
|
RFFSA, Fepasa, EF Carajás |
Cia. Paulista, Central do Brasil, São Paulo Railway
/ EF Santos a Jundiaí, EF Araraquara |
1.435
|
EF Amapá, EF Jari (correção:
EF Jari = 1.600) |
1.000
|
RFFSA, Fepasa, EF Vitória a Minas, EF Trombetas,
EF Campos do Jordão, EF Corcovado |
Cia. Paulista, Cia. Mogiana, EF Sorocabana, São
Paulo - Minas, EF Araraquara, Noroeste do Brasil, VF do Rio
Grande do Sul, RV Paraná - Santa Catarina, Central do Brasil,
Leopoldina Railway, EF Madeira-Mamoré, VF Federal Leste Brasileiro,
EF Oeste de Minas, VF Centro-Oeste, Tramway Cantareira (e muitas
outras...) |
762
|
RFFSA |
VF Centro-Oeste / EF Oeste de Minas, (Rede Mineira
de Viação? Rede Sul Mineira?) |
597
|
|
Cia. Paulista, Cia. Mogiana, Douradense, São Paulo
- Minas, EF Perus - Pirapora, Tramway Cantareira |
Na Irlanda, os ferreomodelistas costumam ser bem detalhistas. Apesar
de ser um dos países mais pobres da Europa, seus ferreomodelistas
não poupam esforços para deixar suas mini-ferrovias
bem irlandesas, com todos os detalhes característicos da
Coras Iompair Eireann — inclusive a bitola.
E o ferreomodelismo brasileiro — como irá se situar?
Além de mais prático, seria natural situar-se ao
lado do australiano, já que há diversas semelhanças
entre os sistemas ferroviários dos dois países.
Mas, embora esta seja a tendência no momento, o correto seria
pegar o rumo irlandês — tornando nossas mini-ferrovias bem
brasileiras, com todas as características das ferrovias nacionais.
Alguns companheiros já começaram a modelar a bitola
métrica em HOn3.
Indo rigorosamente pelas medidas, isto é errado. Porém
a idéia é válida, como prova o seguinte cálculo:
Trata-se de duas relações quase idênticas.
Esta solução é ótima para quem quer
modelar apenas as bitolas de 1.600 mm e de 1.000 mm, mas cria certa
discrepância quando se quer modelar também as bitolas
de 762 mm e de 597 mm.
Além disso, trens das bitolas de 1.600 mm e de 1.435 mm
acabam rodando nas mesmas grades, o que também não
é uma situação ideal.
Ideal, mesmo, seria operarmos nossas mini-ferrovias na escala exata.
Baseado nas experiências da Morop, da NMRA e do BRMSB, estou
imaginando um esquema como o do Quadro II.
Quadro II
Sugestão para modelar as 5 bitolas brasileiras |
Bitola 1:1
|
Bitola em HO
|
Designação
|
1.600 mm |
19,0 mm |
HOb5¼
|
1.435 mm |
16,5 mm |
HO
|
1.000 mm |
12,0 mm |
HOm
|
762 mm |
9,0 mm |
HOn2½
|
597 mm |
6,5 mm |
HOf
|
— Este esquema — muitos vão dizer — não é
viável.
Talvez não seja, mas eu acho que é!
Isso depende só da nossa decisão, se queremos construir
um ferreomodelismo brasileiro, ou praticar um ferreomodelismo de
imitação dos ferreomodelismos norte-americano, alemão,
holandês, francês, suíço etc.
Depende de nós!
Glossário
- Grade — Conjunto de trilhos e dormentes pré-reunidos.
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Bitolas & escalas
no ferreomodelismo
Hugo Caramuru — Centro-Oeste nº 90 (1º-jul-1994)
O colega Jorge Hereth está mexendo com uma ferida
importante de alguns (só alguns?) ferreo modelistas,
com a série de artigos "As escalas e suas bitolas
no ferreomodelismo", I e II (CO-86 e CO-87).
Ele acertou no coração quando diz que nós,
brasileiros, teríamos que buscar a bitola métrica.
Seria a HOn3, em HO; ou Sn3, em S.
Eu já quebrei — quebro, ainda — a cabeça por
causa disso.
Já cheguei a retirar toda a via permanente da minha
maquete, em busca da bitola métrica HO. Estreitei tudo,
dividindo 1.000 mm por 87 = 11,4 mm. Estreitei truques (meu
material é predominantemente Frateschi)... Só
parei quando tentei estreitar os truques-redutores da U-20C.
Desisti!
Então, passei a usar a bitola-padrão HO de
16,5 mm para representar 1 metro, resultando em 16,5 / 1.000
= 1:60,6.
Daí, tive que alargar a caixa dos carros e locomotivas.
Aproveitei só os truques, reconstruindo as locos e
carros.
Uma loco Pacific da Rivarossi foi aumentada e alargada para
representar a n° 327 da Leopoldina.
Hoje, portanto, estou em busca de material na escala S ou
Sn3, já que 1:64 fará pouca diferença
para 1:60,6.
Enquanto não encontro, vou construindo tudo em 1:60,6.
Já construí:
- 1 loco U-5B sobre o estrado da G-12
- 1 loco U-20C, ainda sem truques e motor
- 3 carros da Leopoldina / Central sobre truques Frateschi
- 1 loco Pacific sobre rodeiros Rivarossi
- E mais 10 vagões diversos, ainda em construção.
Bitolinha
Lembro ao Joel (CO-87/8) que a Importadora Locomotiva, Rio
do Sul, SC, vende material da escala HO para a bitola exata
de 76 cm.
É a HOe (HO estreita), cuja bitola em escala é
de 8,7 mm, e representa exatamente 1 ferrovia européia
de 76 cm.
Serve para modelar a bitolinha da EF Oeste de Minas. Só
que as locos a vapor são 0-6-0T, que não existiram
na EFOM.
Visual
O Ataliba, de Cataguases, MG, aficcionado da bitola larga,
fez pequenas modificações na U-20C da Frateschi:
— Rebaixou-a nos truques e nas laterais, tornando o visual
perfeito quando traciona os carros do Vera Cruz / Santa Cruz.
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