Jorge Hereth, Centro-Oeste nº 86 — 1º-Jan-1994Perante a polêmica que toma conta da galera quando se trata do "fora-de-escala" de algum material rodante Frateschi, o ferreomodelista brasileiro costuma revelar-se extremamente preconceituoso contra qualquer espécie de fabricação nacional — e desinformado sobre as normas quanto a escalas e bitolas. Quando se escuta certos colegas falando sobre o assunto, parece que em HO e N só dá para modelar a bitola padrão internacional de 1,435 m; bitola estreita é HOn3; escala Z já se viu na loja do Lupatelli; escala O não dá para fazer maquete; e LGB... o quê?! A realidade é outra. O encanto dos modelos em Nm — escala N, bitola de 6,5 mm representando a bitola métrica — da Viafier Retica (RhB), lançados pelo fabricante suíço Railino, já fala por si. Alguém já ouviu falar na escala OJ do fabricante japonês FEF? Quem sabia que na Nova Zelândia e na África do Sul a bitola Sn3½ goza de enorme popularidade? Na Austrália, Powerline, DJH, Footplate Models e a italiana Lima comercializam material da bitola larga australiana — idêntica à brasileira de 1,60 m — em HO (1:87) com bitola de 16,5 mm, e os modelistas australianos nem inventam de chiar! Por que será? As normas NEM explicam. Existem 3 esquemas básicos de normas que determinam toda a fabricação industrial do material rodante e dos acessórios para o ferreomodelismo:
Vejamos o que as normas dizem sobre escalas e bitolas. As normas NEMOlhando o quadro das normas da Morop sobre escalas e bitolas, quem não conhece as ferrovias da Europa deve perguntar-se: — "E as n3?"
A resposta é que a bitola de 914 mm (3 pés) — representada com exatidão pelas HOn3, On3 etc. — não existe em quase nenhum País onde a Morop tenha alguma influência. As normas NEM utilizam um sistema de representatividade de bitolas no ferreomodelismo. Assim, bitolas como 762 mm (Áustria) ou 800 mm (Suíça) devem ser modeladas em HOe. Bitolas de 891 mm (Suécia), 900 mm (Alemanha), 950 mm (Itália) e 1.050 mm (Jordânia, Iraque, Arábia Saudita) em HOm. Bitolas de 1.524 mm (Finlândia e ex-URSS), 1.600 mm (Austrália, Brasil) e 1.676 mm (Espanha, Portugal, Chile, Argentina) em HO. "Fine Scales" não são consideradas pelas NEM, apesar dos esforços do fabricante inglês Model Loco, que adotou as NEM para lançar kits de aperfeiçoamento de modelos industriais europeus. Na Europa isso depende da iniciativa do próprio modelista e/ou de fabricantes dispostos a atuar nesta área. Certa confusão surge com a escala Ie, com 2 bitolas. Observe também as relações Ii/If e IIi/IIf. A folha NEM-010 definiu em 1987 a bitola de Ie como 22,5 mm; e também definiu Ii e IIi. Consultando a revista alemã Miniaturbahnen (Miba) de 91/Mar, pág. 16, encontra-se uma relação atualizada a respeito, onde Ie é definida com a bitola de 23,5 mm; e Ii e IIi encontram-se substituídas por If e IIf. As escalas HOi, Si e Oi viraram simplesmente HOf, Sf e Of, sem que houvesse qualquer alteração nos dados. Infelizmente, a Miba não explica os motivos dessas alterações, nem o que houve com os 22,5 mm da Ie, com a Ii e com a IIi. Por isso, incluí todos os dados no Quadro I. Do ponto de vista das normas NEM, o material rodante de bitola de 1.600 mm modelado em 16,5 mm pela Frateschi está absolutamente correto. Outros fabricantes, em outros países, fazem o mesmo: — O material ex-soviético Druchba e Piko; o australiano de DJH, Footplate Models, Powerline e Lima; e o espanhol de Electrotren, Iberten, Roco e Lima. Adiante, chegaremos ao material de bitola métrica da Frateschi. Para encerrar com as NEM, o Quadro II mostra os significados das letras minúsculas que seguem as denominações (maiúsculas) das escalas.
As NEM podem ser adquiridas, em português, no seguinte endereço:
As normas da NMRAComparadas às NEM, fica evidente que as normas da NMRA não conhecem nenhuma tolerância de representatividade de bitola no ferreomodelismo — consideram apenas as bitolas-protótipo de 1.435 mm, 914 mm (3 pés), 762 mm (2½'') e 610 mm (2'').
Tal como no caso da Ie (NEM), encontramos na literatura americana 2 bitolas para a designação HOn2. As medidas da NMRA costumam basear-se tanto no sistema métrico quanto no sistema de medidas anglo-saxônico — onde a menor medida de comprimento é a polegada (inch); e 12 polegadas dão 1 pé (foot):
Desta forma, a diferença entre 6,5 mm e 7,0 mm quase não se manifesta. Indo puramente pelo sistema métrico, aparece outro raciocínio: — Para modelar a bitola de 610 mm em HOn2, ficando com a bitola de 6,5 mm, pode-se utilizar os próprios trilhos Z da Märklin. Agora, para ampliar os trilhos e rodeiros à representação mais exata possível, em HOn2, precisa-se aumentar a bitola de 6,5 mm para 7,0 mm. Note que nas designações americanas o "n" minúsculo significa "narrow" (estreito). Assim, "n3" significa "bitola estreita de 3 pés" (3'' = 914 mm). Observe que a LGB coincide com a IIm das NEM. Isto se deve ao fato de que o fabricante americano Bachmann começou a produzir modelos de material rodante da bitola de 914 mm, conforme protótipos americanos. O fabricante alemão LGB já tinha alcançado considerável popularidade nos EUA e, por isso, a Bachmann optou por fabricar seu material rodante de uma forma compatível com o material LGB. Porém a intolerância da NMRA quanto à representatividade de bitolas-protótipo tornou inviável a designação IIn2. Igualmente inviável era a designação IIm, pois tratava-se de material dos EUA, onde a bitola métrica é desconhecida. Para solucionar o problema a NMRA tornou a marca LGB designação para uma relação escala / bitola. Desta forma, na NMRA acabou surgindo uma situação camuflada de tolerância na representatividade de bitola protótipo. Apareceu, ainda, outra solução para o mesmo problema: — Recorre-se à designação Gn3. Sem dúvida, uma solução algo forçada. Um aspecto interessante é que, apesar de ter seu próprio padrão O como 1:48, a NMRA considera também o padrão europeu O de 1:45 — mas não o padrão O britânico de 1:43,5. As normas da NMRA podem ser adquiridas no seguinte endereço, em língua inglesa:
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Bitolas e escalas no ferreomodelismo
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