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EFMM
- Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
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O trem turístico da antiga EFMM foi um dos primeiros se não o primeiro a ser criado no Brasil da era do diesel, tracionado por locomotiva a vapor, em 5 Mai. 1981.
Porém, ao contrário do trem turístico da Bitolinha, lançado em 28 Ago. 1981, o trem turístico da EFMM foi lançado após 9 anos de paralisação da ferrovia, e sem qualquer participação da RFFSA ou de seu programa de preservação ferroviária o Preserve, que estava surgindo naquele momento.
Eis a cronologia desde a desativação da EFMM até o lançamento do trem turístico e do Museu Ferroviário de Porto Velho, de acordo com o último capítulo da 2ª edição (1981) do livro A ferrovia do diabo, de Manoel Rodrigues Ferreira, contendo as atualizações desde a edição original:
Capa da 2ª edição (1981) do livro A ferrovia do diabo, de Manoel Rodrigues Ferreira |
25 Mai. 1966 – Castello Branco assina o Decreto nº 58.501, que transfere a responsabilidade pelo tráfego da EFMM da RFFSA para a Diretoria de Vias e Transportes, do Ministério da Guerra, cabendo ao 5º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), sediado em Porto Velho, substituir a EFMM por uma rodovia.
1º Jul. 1971 – Sucateiro da EFMM procura Manoel Rodrigues Ferreira em busca de informações sobre a história da ferrovia.
4 Jul. 1971 – Sai a notícia no “Estadão”.
20 Jul. 1971 – Outra reportagem no “Estadão”. Cerca de um mês depois, o sucateiro volta a procurar o Autor. Fôra dada ordem para o 5º BEC suspender imediatamente a venda da ferrovia. Mas, prosseguiu a desativação, com substituição gradual por uma rodovia.
10 Jul. 1972 – Desativação solene da EFMM noticiada 5 dias depois:
“Às 19h30 do dia 10 Jul. as velhas locomotivas a lenha da EFMM acionaram seus apitos durante 5 minutos, pela última vez” [O Estado de S. Paulo, 15 Jul. 1972].
Set. 1977 – Fundação da ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.
26 Mar. 1979 – O Autor recebe visita dos diretores da ABPF Juarez Spaletta e Patrick H. F. Dollinger: A RFFSA já havia publicado editais para venda do que restava da EFMM como sucata. No dia seguinte enviariam ofício da ABPF ao engº Elmo Serejo Farias presidente da RFFSA solicitando que fosse sustada a venda. O Autor também fez ofício em nome da Ordem Nacional dos Bandeirantes; e seu irmão Tito Lívio Ferreira, em nome da Academia Paulistana de História.
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6 Abr. 1979 – “Estadão” publica outra matéria, dos seus enviados a Porto Velho:
“Ontem, no Rio, na sala de reuniões da diretoria de material da RFFSA, duas empresas paulistas, a Planil e a Fer-Rudge, apresentaram propostas, em envelopes lacrados, para a compra de 315 km de linha, inclusive desvios, bitolas de um metro [sic] e acessórios de fixação, tudo avaliado em 16.100 toneladas, e mais 1.540 toneladas de material rodante, como locomotivas a vapor, vagões, autos de linha e outros equipamentos. O resultado da concorrência será conhecido dentro de 10 dias. Para o arquiteto cearense Jorge Neves, contratado pelo ex-governador de Rondônia, cel. Humberto Silva Guedes, para elaborar um plano de recuperação e integração de todo o acervo da EFMM à cidade, a venda do que resta da estrada representa um crime”.
18 Abr. 1979 – “Estadão” publica carta do Autor, explicando o que a ABPF e as outras duas entidades queriam: 1) Que fosse preservado o possível; e 2) Que se mantivessem 29 dos 366 km da ferrovia, equivalentes a apenas 3%:
“Para a RFFSA essa extensão nada significa, mas (…) constituirá uma atração turística na região”.
20 Abr. 1979 – “Estadão” noticia a anulação da concorrência e a convocação de outra, com preço mínimo (nenhum dos dois concorrentes tinha oferecido o valor esperado); e que parte do acervo seria incorporado ao Museu Ferroviário de Porto Velho.
24 Mai 1979 – “Estadão” noticia que o ministro dos Transportes havia garantido a manutenção de 25 km da ferrovia ao governador Jorge Teixeira de Oliveira, que fez o anúncio em Porto Velho. A notícia diz que “A EFMM não será leiloada”, mas parece inexata, uma vez que os trilhos dos demais 341 km não estavam incluídos na garantia.
1º Out. 1979 – O Autor foi procurado por um pesquisador da Sphan – Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incumbido de estudar o tombamento da ferrovia. O pesquisador fez uma cópia do livro; voltou um mês depois com um questionário sobre afirmações cujas fontes precisava conferir; e foi xerocando integralmente todas as fontes históricas localizadas.
Final de 1979 – A ABPF envia a Porto Velho seu diretor do patrimônio, Júlio Eduardo Correa Dias Moraes, que fez um levantamento completo do que ainda existia da EFMM e ofereceu cópia à Sphan.
Início de 1980 – O Autor empresta a um fotógrafo da Sphan os 200 negativos da época da construção da EFMM (1907-1912) para serem reproduzidos. O restante dos negativos, que 20 anos antes haviam ficado com o fotógrafo Ari André (localizado pela Sphan após longa busca), tinham sido jogados fora.
2 Abr. 1980 – O “Estadão” noticia que a Sphan pretendia tombar a EFMM (na verdade, a parte localizada em Porto Velho), a ser transformada em centro comunitário. Ao longo do ano, o Autor recebeu insistentes convites da Sphan para um Seminário sobre a EFMM a ser realizado em Porto Velho, de 26 a 30 Nov. 1980.
22 Nov. 1980 – O Autor parte de avião às 8h45, desembarcando na capital de Rondônia pouco após o meio dia:
“Que diferença desta viagem aérea que fizera em 4 horas, com a de 20 anos antes, quando gastara 2 dias!”.
Ouve dos velhos conhecidos sobre as indignidades e humilhações a que os ferroviários haviam sido submetidos e a queima de arquivos, literalmente:
“Fogueiras dos arquivos das estações ao longo de toda a linha foram feitas, mas particularmente uma grande fogueira em Porto Velho. Daquele velho arquivo que vinha sendo preservado desde 1907, nada mais existia! Eu vi esse arquivo em Nov. 1959, e foi com religioso cuidado que peguei em cada um daqueles papeis velhos. E agora vinha a saber que toda essa papelada considerada imprestável fora amontoada no pátio ferroviário em Porto Velho e sobre ela jogada gasolina e ateado fogo, que havia durado horas e horas”.
27 Dez. 1980 – “Estadão” e Jornal da Tarde publicam reportagem sobre o “Seminário” realizado em Porto Velho (ver Documentação):
“A verdade aí estava: após as notícias publicadas pelo “Estadão” em 4 e 20 Jul. 1971, e fornecidas pelo sr. Aderbal Luís Vieira, segundo as quais ele estava adquirindo a ferrovia por meio de licitação pública, a venda fora suspensa e os arquivos da ferrovia destruídos. Não havia mais provas de coisa alguma: nem dos recibos passados à ferrovia pelo sr. Aderbal, nem da licitação (que não houve), nem dos cadastros do material existente, nada, nada mais existia a partir de 1971, documentalmente”.
13 Jan. 1981 – “Estadão” publica carta do Autor sobre o apossamento particular ilegal do sítio de Santo Antônio.
5 Mai. 1981 – “Estadão” noticia que um trecho de 10 km da EFMM seria reativado naquele dia, entre Porto Velho e Santo Antônio, numa primeira fase. Dentro de mais um ano a reativação atingiria a cachoeira do Teotônio, numa distância de 33 km, além de outro trecho de 50 km entre Guajará Mirim e Vila Murtinho. À noite, o Jornal Nacional mostrou a cores a reativação. Cerca de um mês depois, um conhecido que estivera presente informou que o suposto “proprietário” do sítio de Santo Antônio, “num gesto de gentileza e generosidade”, havia recuado em alguns metros o alto muro de concreto erguido em torno de sua “propriedade”, para que o trem pudesse passar.
O evento da EFMM em 5 Mai. 1981, tal como seu equivalente da Bitolinha, em 28 Ago. 1981, não significa, necessariamente, que o Museu Ferroviário de Porto Velho estivesse pronto, nem que o trem turístico estivesse plenamente estruturado para funcionar com absoluta regularidade a partir daquele momento.
As informações são ralas, um tanto vagas em vários aspectos que todos gostaríamos de saber com maiores detalhes concretos.
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
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