Ferrovias bananeiras
Nos trilhos da Fazenda dos Ingleses
Texto e Fotos: Kelso Médici
Arte: Centro-Oeste
Centro-Oeste nº 92 — Dez. 1994
A foto abaixo, em preto e branco, foi batida por meu falecido pai, por volta de 1938 ou 1939.
Mostra um auto de linha de “propulsão braçal” e, em primeiro plano, no primeiro banco, aparece aquela que viria a ser minha mãe em 1940.
Assim, resolvi tentar levantar alguns dados sobre esta pequena ferrovia.
Localizada no litoral norte do Estado de São Paulo — mais especificamente, no município de Caraguatatuba —, pertencia à Fazenda dos Ingleses.
Em 1968 a fazenda foi vendida para o grupo Serveng-Civilsan, e aí a história começou a se perder no tempo.
Ainda me lembro que os trilhos atravessavam a estrada de rodagem no caminho para São Sebastião.
Os trilhos foram retirados e a vila à esquerda da estrada foi toda murada.
Sempre quis fotografar esta vila, mas, localizada já no final da viagem para São Sebastião, a gente vai deixando para depois, e o tempo vai passando, até que tudo se acaba — ou quase.
Hoje, além de murada, a vila está tomada pelo mato e serve de depósito de material da Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
A foto no alto da página ao lado mostra algumas casas típicas de margem de estrada de ferro, construídas pelos ingleses. Os outros imóveis da vila — tais como casas, depósitos, oficinas — são construções tipicamente inglesas.
As poucas informações que consegui indicam que a fazenda produzia basicamente banana, cana-de-açúcar e aguardente de cana.
O trem, então, levava parte da produção para o embarcadouro, na beira do rio Juqueriquerê, onde era embarcada inclusive para a Inglaterra.
Conta-se que a banana era exportada para a rainha.
A foto abaixo mostra o que restou do embarcadouro fluvial, que ficava já próximo ao mar.
Hoje, a Serveng explora a fazenda e um de seus produtos é o leite Serramar.
A estação ferroviária — que não sei se ainda é a original — aparece na foto ao lado do mapa, e o único material rodante que sobrevive foi levado para o alto de um monte onde fica a casa principal da fazenda, chamada de “castelinho”.
Trata-se de uma locomotiva Davenport de 2 eixos, e um vagão, vistos na última capa.
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