Flavio R. Cavalcanti -Machado de Assis e a administração pública federal A “excessiva heterogeneidade” das funções a cargo da Secretaria de Estado do Império (ou Ministério do Império) foi “a principal razão” para a criação da “sétima e última” pasta da monarquia, oficialmente denominada “Secretaria de Estado da Agricultura, Comércio e Obras Públicas” [p. 35]. Mas não foi uma divisão equitativa de tarefas, nem racionalizou a distribuição das tarefas mais variadas e sem ligação umas com as outras: “a maior carga de serviços que pesava sobre a pasta do Império foi transferida, quase em bloco, para a Secretaria da Agricultura. Pelo próprio título da Secretaria, pode-se observar a pouca homogeneidade das suas funções básicas” [p. 35]. Tampouco foram dadas ao novo ministério condições de trabalho maiores ou melhores que as de que dispunha, antes, o Ministério do Império. Pelo contrário, “a nova secretaria foi instalada no mesmo prédio da Secretaria de Estado do Império” [p. 35]. O autor é gentil, ao dizer “prédio” — tratava-se, na verdade, de um velho “casarão”, como se pode ler num dos relatórios do novo ministério, logo a seguir *[fora do livro - a localizar (FRC)].
Seria uma troca de seis por meia dúzia — um “novo nome”, nada mais — se àquele conjunto caótico de atribuições não se somassem mais algumas, transferidas do Ministério da Justiça. Competências transferidas do Ministério do Império para o “novo” ministério [p. 35-36]:
Competências transferidas do Ministério da Justiça para o “novo” ministério [p. 36]:
Pessoal? — Menos de 40 pessoas, ao todo. — Remuneração? — Menor do que antes. Os Liberais* opunham-se à “criação” de “mais um” ministério, argumentando com o aumento das despesas públicas [p. 36]. * É preciso não tomar “Liberais” como um conjunto coeso e homogêneo, e muito menos como um núcleo fixo e contínuo, ao longo das décadas do Império. Naquele momento estavam na oposição; e não ficam identificados quais “Liberais” se manifestaram, nem exatamente de que modo. Sob o termo “vistas largas”, que identifica textos da corrente mais progressista e não tão contrária à atuação do Estado, seguidas vezes tentarão ampliar e tornar mais efetiva essa presença — começando pelo levantamento geológico, mapeamento territorial, e planejamento hidro-ferroviário visando integração de todo território, loteamento de terras e colonização em massa (como nos EUA). Tenho sérias dúvidas de que os Conservadores, apenas por não serem oposição naquele momento, tivessem a menor intenção de aumentar as “despesas públicas”. Despesa, enfim, ridícula — tratando-se de 40 funcionários, por sinal já existentes, para tão amplo leque de funções (FRC)]. O “novo” ministério foi, portanto, instalado no mesmo “prédio” do Ministério do Império, onde antes os mesmos funcionários desempenhavam as mesmas funções — pois decidiu-se que todo seu pessoal seria remanejado dos demais ministérios (Secretarias de Estado), da Repartição Geral das Terras Públicas, e da Diretoria Geral dos Correios. Além disso, foi decidido que teriam remuneração inferior à dos demais ministérios — “funcionários (…) como porteiros e amanuenses” receberiam menos do que seus colegas dos demais ministérios, no desempenho de funções equivalentes [p. 36]. No ano seguinte (1862) foram transferidas para o “novo” Ministério da Agricultura várias “repartições” — denominação das autarquias na época [p. 36-37]:
Estrutura inicial do “novo” Ministério (Secretaria de Estado dos Negócios) da Agricultura, Comércio e Obras Públicas — organizada em “quatro diretorias independentes entre si, cada uma com escrituração contábil própria” [p. 35]:
Estrutura do “novo” Ministério (Secretaria de Estado dos Negócios) da Agricultura, Comércio e Obras Públicas após a reforma administrativa de 1868 [p. 37-38]:
Exigências para amanuense e praticante, por concurso ou exame de habilitação [p. 38]:
Para promoção de praticante a amanuense [p. 38]:
Estrutura do “novo” Ministério (Secretaria de Estado dos Negócios) da Agricultura, Comércio e Obras Públicas após a reforma administrativa de 1873 [p. 39]:
Em 1879 foram eliminadas vagas e extinta a categoria de praticantes. Quadro do ministério ficou composto de 40 funcionários [p. 40]:
(crescimento de 3 empregados, desde 1861, cf. Relatório 1885) Em 1887, última reforma da Secretaria de Estado da Agricultura, Comércio e Obras Públicas “pouco (…) contribuiu para a melhoria da administração do órgão”. “A ausência durante todo o período imperial de um corpo de engenheiros (…) praticamente inviabilizou a consecução das atividades voltadas para obras públicas. As atividades de escrituração contábil e outras relativas a procedimentos financeiros, apesar de constarem entre as medidas adotadas pelas reformas de 1868, 1873 e 1887, não conseguiram alcançar um nível razoável de racionalidade, dificultando sobremaneira a gestão ministerial. Outra deficiência apontada referia-se à falta de dados estatísticos fundamentais concernentes à produção agropecuária, assim como havia enorme deficiência no controle dos registros de escravos e de seus filhos nascidos a partir da Lei do Ventre Livre” [p. 40]. Em 1892, Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas foi “transformado” em Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas” [p. 42]:
Estrutura (1893) — quatro diretorias gerais [p. 42]:
A “Viação” foi considerada sobrecarregada e ministro transferiu dela para a “Indústria” a navegação subvencionada. Relatório de 1893 ainda clamava por um corpo de engenheiros, “já que, na falta dele, tornava-se impraticável superintender as obras públicas no território nacional” [p. 43]. Dez. 1897 - “Secretaria” torna-se oficialmente “Ministério”. Fundidas as diretorias gerais de Viação + Obras Públicas [p. 57-58]:
Em 1906 foi restabelecido o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria — implantação efetiva somente em 1909 [p. 42]. *[]. Machado de Assis na Administração Pública
|
Acompanhe no FB |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |