Ferreomodelos
Fazendo um vagão tanque de combustíveis TQ / TCR
de domo longo da Esso
Kelso Médici
Centro-Oeste dc-17
— 31 Jul. 1991
Eis as fotos de um vagão tanque que tentei construir, reproduzindo um protótipo
da Esso — o TQ-258, atual TCR-034212-2.
Não foi um trabalho "profissional". O resultado final dos 2 modelos que construí,
considero obra de principiante (nesta área do hobby), mas valeu como experiência.
Fatalmente, haverá falhas.
Faço, a seguir, uma descrição passo-a-passo desse trabalho, com a finalidade
de incentivar outros colegas a diversificarem suas frotas — e a partirem para
o trabalho manual, que faz parte do modelismo. Isto é: pôr a mão na massa!
1 tubo de estireno com diâmetro externo de 28,3 mm e comprimento de 160 mm
(Fotos 1 e 2)
1 tubo de estireno com diâmetro interno de 28,4 mm, espessura de 3,5 mm e
comprimento de 87 mm
2 calotas (tampas) com diâmetro externo igual ao do primeiro tubo (28,3 mm
— Foto 1)
Arame galvanizado com diâmetro de 0,6 mm
Arame ou alfinetes com diâmetro de 0,5 mm
Solda para estireno (toluol, xilol, solvente de líquido corretivo datilográfico
etc.)
Serra de ourives
Tintas, verniz brilhante, verniz fosco
Decais
Lixas d'água n° 320, 400 e 600
Massa plástica, adquirida em lojas de tintas automotivas
Araldite ou Durepóxi
Estrado
Do vagão tanque Frateschi, retire os truques e, a seguir, separe o estrado com
o volante do freio manual. Retire o peso interno, que também será aproveitado,
e guarde o tanque propriamente dito, para outra finalidade qualquer.
Corte a longarina do estrado nos 2 locais indicados (Foto 3). Em cada um dos
2 locais, aumente 13,75 mm, adicionando e colando peças de estireno com perfil
similar ao da longarina Frateschi.
Tanque
O tubo com diâmetro externo de 28,3 mm deve ser cortado, com auxílio de um esquadro
de 90 graus (ângulo reto), no comprimento de 160 mm (Foto 2).
Ao longo do tubo, trace 4 linhas, uma a cada 90 graus (Fig. 1), para marcar os
locais dos furos para os pega-mãos (Fig. 4), escada e centralização do domo (Fig.
3), e centralização no estrado (Fig. 2).
Na linha de centralização no estrado (linha C, futura posição inferior), faça
2 furos de 2 mm de diâmetro, cada um a 15 mm de sua ponta do tubo. Nestes furos,
será fixado o estrado, com pequenos palitos de estireno (Fig. 2).
Aos lados da linha oposta, a 180 graus (linha A, futura posição superior), faça
2 furos de 0,6 mm de diâmetro — somente em uma das extremidades do tubo, a 2,5
mm da ponta, cada furo a 2 mm da linha. Nesta extremidade, será instalada uma
escada (Fig. 3).
Nas 2 linhas restantes (linhas B, laterais), faça 2 furos em cada uma, com 0,6
mm de diâmetro, cada furo a 10 mm da respectiva ponta. Nestes furos, serão encaixados
os pega-mãos que contornam as calotas (Fig. 4).
Por dentro do tubo, orientado horizontalmente pela linha C (parte inferior do
tanque), cole o peso metálico retirado do tanque Frateschi, usando Araldite ou
Durepóxi. Há modelistas que não colocam este peso, para não forçar a locomotiva
em composições longas — mas é preciso que nunca haja vagões mais pesados no fim
da composição, ou a parte central poderá levantar e descarrilar, numa curva. Truques
Phoenix, de metal, também dispensam o peso interno do vagão.
Faça um furo no centro de cada calota, para passar o suporte do pega-mão (Fig.
5). O suporte será feito dobrando um grampo de grampeador, e o furo na calota
deve ter diâmetro apenas suficiente para este grampo dobrado.
Cole
as calotas, fechando o tanque.
Para fazer o domo longo (Fotos 1 e 2), corte longitudinalmente o tubo de 87 mm
de comprimento, de modo a obter 2 pedaços com pouco mais de 17 mm de largura,
que serão colados um sobre o outro (Fig. 6).
Como são 2 peças do mesmo tubo, e portanto têm o mesmo diâmetro, somente as bordas
laterais estarão em contato, ficando um vazio entre eles, no centro, que aparecerá
nas 2 pontas do domo longo. É preciso disfarçar este vazio, fechando-o com massa
plástica.
Após a secagem das 2 peças que formam o domo longo, lixe as bordas laterais até
que a largura chegue exatamente aos 17 mm, e até que as arestas superiores fiquem
arredondadas (somente na longitudinal, ou seja, lateralmente - Fig. 6).
As 2 faces laterais e as 2 faces das extremidades devem estar no esquadro, bem
como devem estar verticais — formando ângulo de 90 graus com o plano horizontal.
Qualquer imperfeição deve ser corrigida com massa plástica.
Em seguida, fure o domo longo para receber a tampa e as válvulas de segurança.
No meu caso, usei uma tampa para vagões tanque de gás da Atma, o que não é real.
O ideal é que o modelista faça uma tampa que reproduza mais fielmente o protótipo
que está sendo modelado.
Num dos modelos que fiz (Foto 4), imitei as borboletas da tampa com cabeças de
alfinete, mas também não ficou bom. Também pode-se usar a tampa do vagão de amônia
(desde que se obtenha sem destruir um vagão por sua causa...), porém ficará menor
que o real, em escala.
As válvulas de segurança podem ser encontradas dentro de uma válvula de isqueiro
descartável marca Bic — talvez o Cricket também tenha. Cole-as ao domo com Araldite
(ou Super-Bonder), uma vez que são feitas de latão.
Terminado o domo longo, cole-o ao tanque e cubra as imperfeições com massa plástica.
Acabamento e pintura
A seguir, confeccione a caixa do volante do freio manual e prenda-a à calota
da extremidade oposta à escada, correspondente à mesma ponta em que se encontra
no tanque Frateschi (em relação ao tambor do freio, no estrado).
Lixe os locais onde aplicou massa plástica, primeiro com lixa n° 320, passando
depois à n° 400 e, finalmente, à n° 600.
Prepare o conjunto para receber a pintura, lixando-o com lixa n° 600, para melhor
"ancoragem" da tinta ao plástico. Lave o modelo com água e detergente, para eliminar
a gordura e o pó resultante do lixamento. Após lavar, não toque o plástico com
as mãos.
Os meus modelos foram pintados com tinta alumínio em aerosol, diretamente sobre
o plástico, que não foi atacado. Usei esmalte sintético Coralit spray, uma tinta
de uso geral. Não é automotiva, mas ataca o estireno. Pode ser adquirida em lojas
de tintas.
No caso do estireno, é preciso prestar atenção, pois muitas tintas em aerosol
o atacam. Neste caso deve-se, antes, aplicar um fundo de cromato de zinco, para
proteger o estireno.
Quem for pintar com aerógrafo, poderá usar esmalte sintético diluído em aguarrás,
diretamente sobre o estireno.
Sobre pintura de modelos, consulte o IF-40 ou EM-59. Sobre a preparação para
pintura, veja o CO-15/4.
Após a secagem da tinta — 2 a 3 dias —, aplique uma demão de verniz sintético
brilhante, diluído em aguarrás, para receber os decais (Aplicar os decais diretamente
sobre a pintura alumínio, deixaria marcas das bordas transparentes dos decais,
após a fixação com verniz fosco).
No meu caso, usei o verniz poliretânico Sparlack, da Ypiranga, bem diluído em
aguarrás, aplicado com pincel. Diluído o verniz adequadamente, o pincel não deixa
marcas.
Após secagem completa, aplique os decais de acordo com o protótipo. Para o TQ-258
da Esso, a faixa vermelha foi comprada na Aerobrás, SP/SP. As letras e números
da identificação e quadro de revisões são da primeira folha LAF. O logotipo da
Esso é de uma folha de decais para automodelismo (autorama). Os dizeres "Inflamável"
e "Oleo refinado" são decais do TQ Soma da Frateschi, posicionados abaixo da faixa
vermelha.
Com alguma paciência, pode-se conseguir a decal com o oval da Esso, em tamanho
menor. Então, a faixa vermelha deverá ser mais estreita (da altura do oval), aproximando-se
mais da realidade.
Pinte de preto as extensões acrescentadas na longarina do estrado, e perfure
o estrado para encaixar os pés da escada no passadiço. Os furos devem ter diâmetro
de 0,6 mm. Sua posição, na extremidade do estrado, corresponde aos furos no alto
do tanque (linha A, Fig. 3).
Pinte de alumínio e verniz fosco as chapas que prendem o fundo do tanque na longarina
(no chassi Frateschi, é um ressalto na longarina, onde se localizam as saídas
do combustível).
Cole o tanque ao estrado, usando os furos do fundo do tanque (Fig. 2) e do chassi
(sobre os parafusos dos truques).
Modele os pega-mãos com arame de diâmetro 0,6 mm, coloque os suportes (Fig. 5)
e pinte com tinta alumínio e verniz brilhante, após a instalação.
Modele as laterais da escada com arame de 0,6 mm de diâmetro e instale-as nos
furos do tanque e do estrado. Assim, será mais fácil instalar e colar os degraus,
que serão feitos com arame ou alfinete de 0,5 mm de diâmetro. Use Araldite ou
Super-Bonder.
(Nos meus modelos, usei arame de latão de 1 mm de diâmetro, para as laterais
e degraus da escada. Ficou gritantemente fora de escala).
Pinte a escada, da mesma forma como foi feito com os pega-mãos, e cole o volante
do freio manual.
Seco o verniz brilhante, aplique 2 ou 3 demãos de verniz fosco Acrilex TK Fixador
(ou similar, da Letraset). Além de eliminar o brilho do verniz brilhante (necessário
para receber os decais), também ajudará a proteger os decais. Sobre a aplicação
de decais, ver CO-16/5, IF-43/12 ou EM-19.
Seco o verniz fosco, instale os truques — e está pronto um vagão para diversificar
sua composição de combustíveis (Foto 5).
Uma coisa que não fiz, mas poderá ser feita, aumentando o realismo, é adicionar
os parafusos de fixação do corpo ao estrado, junto aos berços do tanque.
Também pode-se envelhecer o modelo com giz pastel seco, e aplicar mais 1 ou 2
demãos de verniz fixador fosco, quando julgar que o envelhecimento está bom. Senão,
retire o envelhecimento e comece de novo. Sobre envelhecimento, veja CO-18/8,
CO-23/13, EM-13, RBF-3/23 ou RF-8811/43.
Nunca é demais a recomendação de usar e guardar tintas, solventes, verniz fosco
(spray) em local bem ventilado, sempre fora do alcance de crianças.
A arte do possível
O relato do Kelso Médici traz alguns exemplos importantes, de como
as coisas se passam, quando se trata de construir um vagão em casa.
Ele reaproveitou material de uma velha maquete de refinaria de petróleo
da Petrobrás, onde trabalha, e já encontrou tubos e calotas
com os diâmetros quase certos.
O tanque do protótipo apresenta diâmetro externo de 2.450
mm, o que daria 28,1 mm em escala HO.
Ele não sabe dizer onde encontrar este material, nem sabe dizer
o tipo exato de plástico que é -- não era atacado pelo
toluol, mas sim, pelo thinner, que entretanto não serviu como cola
(solda). Pareceu-lhe um plástico entre o estireno e o acrílico.
Como o material dos tubos não colava com toluol, usou acrílico
auto-polimerizável para dentaduras, marca Simplex. Este produto,
atualmente, é difícil de encontrar, porém há
um similar da marca Jet, à venda em lojas de artigos odontológicos.
A mistura do pó com o polimerizador (catalisador) deve ser feita
conforme as recomendações do fabricante.
Note que ele não havia colocado o «piso» ao lado do
domo, embora pretenda fazê-lo.