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Um guia ferroviário brasileiro
do fim do século XIX
Um guia ferroviário brasileiro do fim do século XIX
Moacir M. F. Silva, in Revista Brasileira de Geografia, nº 16
(Abril-Junho 1954), p. 252-266
apresentação: Flavio R. Cavalcanti
A apresentação feita Moacir M. F. Silva do Indicador oficial da Viação do Brasil, embora minuciosa ao descrever o volume e seu conteúdo, não mostra qualquer curiosidade sobre a gênese da publicação. Talvez sua origem lhe parecesse óbvia demais, para merecer observação. Ou sem relevância para seu propósito, limitado à descrição do volume, como objeto, e às informações históricas que proporciona à geografia dos transportes. Nisto, reflete a intenção estampada no próprio livro, que destaca Indicador J. Cateysson (no alto) e da Viação do Brasil (embaixo), escamoteando em letras pequenas Indicador oficial (no meio). Também não refere qualquer consulta ao decreto (sem nº) citado na página de rosto, nem ao significado do "privilégio" ou da "patente". Informações adicionais sobre a gênese da publicação talvez se encontrem nas abundantes saudações publicadas pelos jornais ou enviadas diretamente antes do livro vir a público pelo corpo diplomático e pelas próprias ferrovias; mas elas não são apresentadas, e o leitor da apresentação fica apenas com os aplausos.
« Em novembro de 1898 apareceu um interessante volume de 0,20 m x
0,29 m com 266 paginas (dando ao livro a espessura de 0,018 m) com
uma capa em tricromia (ao centro de moldura de folhas e flores soltas
uma composição ferroviaria fumegando em uma curva
e, abaixo, um paquete entrando na baía de Guanabara, vendo-se
outro navio proximo ao Pão de Açucar ao fundo; a bandeira
do Brasil dobrando-se no alto do desenho e ainda em posição
inclinada, à esquerda, esvoaçantes flamulas de Portugal,
França, Inglaterra e Italia), trazendo os seguintes dizeres:
(a), por fora da bela gravura colorida, impressos: "Indicador
J. Cateysson", no alto; "Editores Guillard, Aillaud
& Cia., 96, Boulevard Montparnasse, 96, Paris", embaixo;
e ainda, por fora do desenho, a meio do lado direito e paralelo
a este, a data: "Novembro de 1898"; (b), fazendo
parte da ilustração e escrito sobre uma faixa que
se desenrola do canto inferior esquerdo ao centro da gravura, as
palavras: "Indicador oficial" em tipo pequeno e
tinta preta e "da Viação do Brasil",
em letras maiores, em vermelho.
« A pagina de rosto desse guia tem os seguintes dizeres "Indicador
Geral da Viação do Brasil Linhas ferreas, fluviais
e maritimas Com privilegio do Ministerio da Viação
e Obras Publicas Patente 2.448 Decreto de 22 de Dezembro
de 1897 Por J. Cateysson Novembro de 1898 Administração
Guillard, Aillaud & Cia. Paris, 96, Boulevard Montparnasse
Lisboa, 242, rua Aurea, 1°".
« (Observe-se que em 1897 o nome completo desse Ministerio era "Ministerio
da Industria, Viação e Obras Publicas".
Por que teria o A. suprimido, por sua conta, a Industria?
Curioso é que previsse o nome futuro, alias, atual).
« Alem do Prefacio e de numerosas cartas de elogios do Corpo Diplomatico
no Rio de Janeiro e de diretores das grandes companhias de navegação
e de estradas de ferro e ainda as referencias favoraveis da imprensa
da epoca (Jornal do Comercio, Gazeta de Noticias, O Pais,
Jornal do Brasil, Gazeta Comercial e Financeira, O Debate, todos
do Rio de Janeiro e Gazeta de Petropolis) (Observe-se
que então se escrevia: Brazil e Paiz ambos com "z")
e de informes uteis inclusive tabelas de câmbio sobre
Inglaterra, Portugal, França, Alemanha e Estados Unidos,
a obra contém 5 seções: (I) Trens
de passageiros, horarios, distancias, preços; (II) Mercadorias;
classificação e preços de transportes; (III)
Navegação fluvial e costeira; (IV) Navegação
transatlantica; e (V) Linhas ferreas europeias em correspondencia
com as escalas das companhias maritimas que saem dos portos do Brasil. »
Um livro "interessante", portanto, que "apareceu" em Paris.
I Centenário das ferrovias brasileiras
IBGE / CNG, Rio de Janeiro, 1954
apresentação: Flavio R. Cavalcanti
Apenas parte dos mapas de 1898 foram incluídos no artigo de 15 páginas, divulgado na Revista Brasileira de Geografia. Outra parte dos mapas foram incluídos na publicação do IBGE / CNG referente ao I Centenário das ferrovias brasileiras, no mesmo ano de 1954.
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