Flavio R. Cavalcanti - Mar. 2012O ano de 1927 deixou uma safra invulgar de mapas, estatísticas detalhadas e planos ferroviários. Essa atividade incomum deve ter-se beneficiado do chamado “Censo” de 1920, mas tal como ele se intensificava por crescentes disputas pela orientação de despesas e investimentos, juntamente com algumas evoluções técnicas na área dos transportes. Levantamentos estatísticos adicionais acompanhado de intensa produção cartográfica foram promovidos pelo MVOP, visando reduzir a “despesa” de recursos públicos com as ferrovias administradas pelo Estado. Balões de ensaio extra oficiais buscavam criar espaço para o arrendamento da EFCB de preferência a uma companhia estrangeira, para gerar entrada de investimentos. Simultaneamente, inauguravam-se as primeiras linhas aéreas e o governo Washington Luís apoiado por crescentes fã clubes do automobilismo lançava as bases para o desenvolvimento de rodovias, criando legislação, impostos, comissões, atribuições etc. Mapas no relatório do Ministério da Viação e Obras PúblicasO que os mapas do relatório MVOP ref. 1927 têm em comum, à primeira vista, é que enfocam principalmente ferrovias então sob administração federal, através da Inspetoria Federal das Estradas (IFE):
Ainda por conferir, no texto do relatório, a real situação dos trilhos de cada ferrovia naquele ano, devido à dificuldade de distinguir, nos mapas, os trechos em tráfego, em construção ou apenas planejados. Mapas no livro Vias de comunicaçãoExiste certa "economia" de produção e publicação de mapas. Em 1927 (como até hoje), trabalhos de cartografia atualizados não se produziam com facilidade, nem sem um custo considerável. O mesmo quanto à publicação impressa, que envolvia a preparação de trabalhosas e caras chapas litográficas, uma para cada cor, perfeitamente ajustadas tanto na confecção quanto ao longo de todo o processo de impressão. Pode ser muito significativo que o relatório do governo (impresso com demora de dois anos) omitisse justamente os mapas da Estrada de Ferro Central do Brasil a maior e mais rica ferrovia sob administração estatal e eles aparecessem, por essa mesma época, no ambicioso levantamento das ferrovias brasileiras iniciado por Max Vasconcelos: O trabalho oficioso de Max Vasconcelos descreveu minuciosamente as linhas, estações e todos os detalhes da EFCB, além dos municípios servidos pela ferrovia e sua economia ao ponto de se dizer que teria reproduzido dados do IBGE sobre os municípios , porém só teve um segundo volume, também sobre a EFCB (Linha Auxiliar), e depois disso não foi mais adiante [Ainda ignoro se havia projeto de ele mesmo produzir volumes sobre as demais ferrovias (e quais), ou se o grupo defensor das ferrovias estatais tinha em vista outros possíveis redatores]. É importante lembrar, porém, que o IBGE somente seria criado pelo governo federal após a Revolução de 1930. Através dele, na década que se seguiu, uma nova geração de geógrafos se lançaria a um trabalho de equipe, muito mais amplo e abrangente, e com fonte de recursos bem definida. Sintomaticamente, na década de 1940 foi o IBGE que assumiu a última edição do livro de Max Vasconcelos depois de uma década de edições assumidas pela Imprensa Nacional. Já o mapa da Rede Sul Mineira só veio a aparecer em uma terceira publicação também do IBGE bem posterior: Planos viários de 1926-1927Só na área ferroviária, a discussão da política de investimentos a ser adotada resultou na apresentação de três planos:
Datam exatamente daí, também, os primeiros planos rodoviários como os de Joaquim Catrambi (1926), Luís Schoor (1927), e da Comissão de Estradas de Rodagem Federais (1927); além de projetos referentes à chamada navegação aérea. “Novo Atlas de Geografia”Em Janeiro de 1927 surgia no Brasil (e em Portugal) o “Novo Atlas de Geografia”, que para alegria de quem se interessa por ferrovias apresenta em detalhes não só as estradas de ferro então existentes no Brasil, como uma infinidade de linhas então planejadas.
A coincidência é tanto mais notável, por ser raro um Atlas geográfico tão detalhado na parte ferroviária, ao ponto de indicar inúmeras linhas planejadas, estado por estado. A indicar que edições como essa não eram corriqueiras, os editores citam o “benévolo acolhimento” da edição inicial, e explicam que o trabalho teve de ser totalmente refeito devido às modificações resultantes da “guerra mundial de 1914-1918”. A edição anterior datava, portanto, de mais de uma década antes; porém a atualização não se limitou às novas fronteiras europeias: avançou para esse raro detalhamento das ferrovias brasileiras. A edição anterior à I Guerra Mundial deveria basear-se, quanto às ferrovias e outros dados nacionais, no levantamento do CIB de 1907, apresentado até 1909. Mas, desde então, nenhuma grande atualização seria fácil, até saírem os resultados do “Censo” de 1920 possivelmente por volta de 1924* , e a intensa produção de mapas ferroviários atualizados, que viriam a aparecer de 1924 a 1927. * Supondo um intervalo de uns 4 anos: o levantamento de 1907 foi encomentado por Lauro Müller ao CIB em 1905 e os resultados apareceram em 3 volumes, de 1907 a 1909. |
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Mapas ferroviários de 1927 |
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