Centro-Oeste - Trens, ferrovias e ferreomodelismo
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Ferrovias

• Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018

• Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017

• Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017

• Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017

• Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017

• Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017

• Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017

• A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017

• Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016

• Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016

• Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016

Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016

   

EFMM - Estrada de Ferro Madeira Mamoré
O fotógrafo Dana Merrill

Catálogo da exposição
Ferrovia Madeira-Mamoré: Trilhos e Sonhos – Fotografias
BNDES e Museu Paulista da USP
cortesia: Carlos E. Campanhã
Pedro Ribeiro*

A documentação das grandes obras de engenharia civil é prática comum desde os primórdios da fotografia. Muitos são os exemplos de acervos retratando essas construções onde ressaltam, em particular, o grande ícone da modernidade, as ferrovias. Portanto, a contratação de um fotógrafo para o registro da evolução das obras da Madeira-Mamoré não constitui um fato original. Quanto ao ambiente de trabalho, este era tenso - uma multidão de aventureiros das mais diversas etnias lutando contra as forças de uma natureza indomável que repelia, e ainda repele, à sua maneira, a introdução do homem. Nesse meio exótico, podemos especular, a interação do fotógrafo com o ambiente poderia provocar o estímulo para a criação de uma obra original. Isoladamente, contudo, esta situação em si não basta para que surjam trabalhos como o conjunto fotográfico Madeira-Mamoré. A construção de estradas de ferro em ambientes inóspitos, como a Sibéria ou as Selvas do Congo, não gerou acervos importantes como as imagens da ferrovia amazônica. De onde, então, emergiriam essas imagens dramáticas e contundentes, para as quais não encontramos referências anteriores, senão da própria genialidade do fotógrafo? Quem seria o autor dessas fotografias de qualidade técnica tão elaborada, criterioso em seu processamento, fato que as permitiu sobreviver às condições tão adversas de calor e umidade nas selvas amazônicas? Dana Merrill, o official photographer da Madeira-Mamoré Railway, só foi identificado através de The Jungle Route, o livro de Frank Kravigny, o escriturário sobrevivente da construção. Pouco se sabe do fotógrafo, fora o fato de que teria trabalhado para a prefeitura de Nova Iorque e para lá voltou, como confirmam os boletins da Madeira-Mamoré Association. Provavelmente, foi essa experiência anterior que o capacitou para a empreitada, fornecendo inclusive o suporte técnico com o qual desembarcou na primeira clareira de Porto Velho.

O equipamento fotográfico usado por Dana Merrill era praticamente o mesmo usado pela maioria dos profissionais de então. O formato 13 x 18 cm, considerado pequeno e leve para sua época, era o que mais se adequava às necessidades de deslocamentos freqüentes, por terrenos de difícil locomoção. Para os negativos, além de placas de vidro, mais comuns, Merrill adotou também o uso dos chassis do tipo film pack, que era uma novidade. Estes eram compostos por placas emulsionadas em bases flexíveis, bem mais leves que o vidro, acondicionadas em pacotes, geralmente de doze unidades. Esta opção permitia ao fotógrafo uma considerável economia de peso no equipamento e mais agilidade na troca das chapas. Contudo, a câmara usada continuava sendo aquela convencional, mais apropriada para a execução das documentações tradicionais, tomadas a média distância, rigorosamente enquadradas e privilegiando a pose, que de certa forma era induzida pelo uso compulsório do tripé.

Evidentemente, muitas das imagens remanescentes se enquadram nas categorias da produção fotográfica do início do século. Mas Merrill era um fotógrafo incomum, à frente de seu tempo e não se limitava às imposições técnicas ou a padrões estéticos. Levando ao extremo as possibilidades de seu equipamento, explorava a variedade de ângulos e muitas vezes subvertia os padrões da fotografia da época, como quando força exposições longas para cenas de movimento. O importante era não perder o instantâneo. Suas imagens sugerem que o fotógrafo se lançava ao ponto de vista que melhor traduzisse a sensação que lhe tomava, mesmo que para tanto tivesse que descer em valetas, subir em andaimes, entrar em lama, fotografar de dentro de barcos ou do alto de vagões e árvores. Esses procedimentos, considerados comuns nos dias de hoje, são marca pioneira de Dana Merrill. Suas imagens mostram cenas tão dinâmicas como se o fotógrafo portasse uma câmara de 35 mm, desssas que só surgiriam vinte anos mais tarde.

A tarefa de Merrill era documentar o desenvolvimento da obra. A análise de suas imagens indica a ausência de um roteiro planejado, mais sugerindo uma narrativa arbitrária, estabelecida provavelmente segundo as oportunidades encaixadas na seqüência geral dos trabalhos, onde cada negativo, com sua numeração sistematicamente anotada a nanquim, induz à conclusão restrita de uma ordem cronológica sem confirmação.

Mas o fotógrafo, além dos trabalhos específicos da obra civil, envereda pelo desfile de quase todos os tipos humanos que participavam da empreitada. Aqueles que não eram apresentados em grupos, como os burocratas, os servidores da lavanderia ou do hospital, apareciam em poses individuais ou em duplas, com o fundo constante do ambiente de trabalho. Outros são retratados individualmente, com destaques para as fisionomias e seus trajes típicos. Mas isso é apenas parte de seu trabalho. As imagens conhecidas são da seleção feita por Manoel Rodrigues Ferreira que, com sua formação de engenheiro, se inclinou provavelmente para as imagens mais diretamente ligadas à construção. Se fosse Ferreira um botânico ou um biólogo, que imagens teriam chegado até nós?

Perguntas sem respostas, poucas são outras chapas atribuídas a Dana Merrill, como aquelas guardadas na Biblioteca Nacional¹. Aos arquivos queimados pelos últimos responsáveis pela ferrovia² somam-se imagens perdidas do fotógrafo, como tantas outras vidas desaparecidas anonimamente, erguendo em torno da história ausente e cortina de lendas e mistérios que só fazem enaltecer a aura trágica da "ferrovia do diabo".

*Pedro Ribeiro é fotógrafo e doutorando em História Social pela FFLCH-USP.

¹A coleção de Percival Farquhar (setor de Obras Raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro), empresário da Madeira-Mamoré Railway, reúne fotografias e demais documentos do mesmo período.

²Em 25 de maio de 1966, com o Decreto 58.501, o presidente Castello Branco transfere a responsabilidade da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para a Diretoria de Vias e Transporte do Ministério da Guerra. Pelo decreto, cumpria ao 5° Batalhão de Engenharia e Construções, sediado em Porto Velho, a desativação da ferrovia.

   

Bibliografia

• A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016

• Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015

• Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015

• The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015

• Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015

• Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014

  

Ferreosfera

  

Ferreomodelismo

• Backlight em maquetes de ferreomodelismo - 5 Nov. 2017

• Luzes de 0,5 mm (fibra ótica) - 2 Jun. 2016

• Vagão tanque TCQ Esso - 13 Out. 2015

• Escalímetro N / HO pronto para imprimir - 12 Out. 2015

• Carro n° 115 CPEF / ABPF - 9 Out. 2015

• GMDH-1 impressa em 3D - 8 Jun. 2015

  

Ferrovia Madeira-Mamoré: Trilhos e Sonhos – Fotografias
BNDES e Museu Paulista da USP
Apresentação | Os trilhos e as trilhas da Madeira-Mamoré
Trilhos na floresta: a Madeira-Mamoré
A Coleção Dana Merrill: Momentos decisivos para sua recuperação
O fotógrafo Dana Merrill | As coleções fotográficas do Museu Paulista - USP
Coleção de negativos de Dana B. Merrill sobre a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
Créditos
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré - EFMM
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