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D&MN RR — The Delrio and Midland Northern Railroad (II)
A história da ferrovia que foi despejada

Alice Dorrit Folmer-Johnson — Centro-Oeste n° 91 (1°-Out-1994)

Entendo praticamente nada de ferreomodelismo, e o pouquíssimo que sei, deve-se ao meu marido Warren Delano.

Ele veio ao Brasil a serviço, e ficou por aqui mesmo. Quando começou a desempacotar sua mudança, fiquei encantada com uns trenzinhos que vieram junto, e disse: — "Que gracinha!"

Foi a primeira fulminada de olhar que levei dele e, se a situação não piorou, é porque ainda éramos apenas namorados. Escapei por pouco e procurei me inteirar um pouco do "modus falandi" (*) dos ferreomodelistas.

Warren era pessoa extremamente ocupada com sua profissão, e não sobrava tempo para seu hóbbi. Mas, um dia...

Nosso neto Tarik, de 3 anos, veio passar uma longa temporada em nossa casa. Eternamente enrabichando o avô, era fatal que descobrisse os trenzinhos, e caiu de amores por eles. A avô ficou encantado com seu interesse, e imediatamente começou a montar uma ferrovia rudimentar, bem simples, na mesa da nossa copa.

Não gostei da idéia, porque o espaço era de serventia doméstica. Mas, vendo o imenso prazer que avô e neto desfrutavam, não interferi no projeto, desde que não me envolvessem nele.

Quando alvorecia o dia, os dois ferreomodelistas já estavam a postos, ostentando orgulhosamente seus bonés da Santa Fé.

Tomava-se café e comia-se com os vasilhames entre os trilhos.

À noite, era uma batalha para botar os dois maquinistas na cama. Digo dois, porque Tarik, que sempre teve mãos delicadas e jeitosas, também operava a ferrovia, e cada minuto disponível era dedicado aos trens.

Se me atrevia a dizer qualquer coisa, ouvia imediatamente um "chiu" para que me calasse. Pareciam duas panelas de pressão: — "Chiu... chiu... chiu..."

Aí, cometi uma imprudência, dizendo "que pena que não tem som". Imediatamente foi projetado e consumado um aparelho imitando os sons da locomotiva a vapor em diversas velocidades, resfolegos e apitos. Ficou ótimo.

Com grande dimplomacia, me deram o objeto sonoro de presente e, com isso, conseguiram a prorrogação do prazo para o despejo da copa. Uma filha ia casar, e eu precisava de TODA a casa. Justo, não é mesmo?

Para proteger a ferrovia de mãos xeretas e desajeitadas, cartões ameaçadores foram colocados estrategicamente, proclamando anátemas terríveis contra incautos, além de berros em "não toque", em apavorantes decibéis.

Os pais de Tarik mudaram-se para outra cidade, e as locos ficaram sem maquinista de reserva. O casamento estava perto e, sob protestos, a ferrovia foi desmontada.

Cada vez que Tarik vinha a São Paulo, havia uma atividade febril na oficina do avô, que orientava o neto na montagem de casas, armazéns e outros kits comprados, cujas instruções eram seguidas à risca. Aos poucos começaram as modificações, e a imaginação entrou em cena.

Enquanto isso, o avô travalhava nos trens, mudando-lhes as portas, os engates e demais sei-lá-o-quê, tudo com precisão milimétrica. Não: — Micrométrica. Ai, se uma das peças não deslizasse 200% a contento do engenheiro-chefe...

Frequentemente algumas molinhas escapavam e caíam no carpete. Então, toda a família ficava de quatro no chão, procurando as peças. Se alguém não quisesse colaborar, tinha que se plantar como estátua de sal, para não pisar nela por acaso.

Esta operação era acompanhada por vocabulário peculiar e vigoroso por parte de Warren — e felizmente ele não trabalhava nos trens quando tínhamos visitas...

Tarik, agora com 1,80 m de altura (por enquanto), está ocupado e longe demais, para lidar com os trens, mas sempre pergunta: — "E agora, vô, já fez alguma coisa?"

O novo projeto está pronto mas, do jeito que a sala está arrumada ao meu gosto, a ferrovia teria que passar sobre o computador, entraria no vão da escada, voltaria por cima da mesa, atravessaria longa fileira de livros, penetraria nas poltronas, afundaria em minhas samambaias... — e nem vou falar no restante dos inconvenientes. Não, realmente não dá.

A prefeitura disse que mandaria derrubar qualquer coisa a mais que construíssemos em nosso terreno. Mas estive refletindo, se os alicerces da edícula aguentariam um terceiro andar...

Estou velha demais, para querer subir tantas escadas, e lá o Warren estaria a salvo. Coisa para se pensar.

(*) Este latim é meu, não se encontra nos dicionários.

   

 

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