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    EFMM - Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

Ferreomodelismo
Testando locomotivas e vagões estrangeiros

Alexandre Santurian – DC-21 – 30-Nov-1991

Eis cópia da correspondência enviada ao Alexandre Garcia (não é o da Globo), de Brasília, com uma análise preliminar de alguns modelos que ele me emprestou no final de outubro.

Todo esse material é de origem norte-americana (Athearn, Bachmann, Roundhouse e Model Die Casting) e está servindo para fazer testes em minha humilde e ainda inacabada maquete, para avaliação da validade de usar material estrangeiro com truques C+C, rodas RP-25, engates norte-americanos etc.

Reafirmo que não sou nenhum expert em ferreomodelismo, e as observações contidas nesta análise preliminar são estritamente pessoais, apenas relatando o que vi.

Esse relato não se destina a publicação — a não ser que você acredite que seja interessante para nossos companheiros —, pois trata-se de uma análise de material estrangeiro.

Só peço que, se publicar, não cite o nome do Alexandre Garcia (não é o da Globo) como a pessoa que me emprestou o material, para que ele não seja importunado por outras pessoas, que talvez desejem o mesmo.

Ok, Alexandre. Como vê, tratei de acrescentar que não se trata do xará da Globo. Assim, ninguém vai desconfiar (FRC).

Prezado Alexandre...

Gostaria de fazer uma análise preliminar do material que você me emprestou. Na minha opinião, são de ótima qualidade, e muito bem feitos. Também aviso que não sou nenhum expert no assunto, e que minhas opiniões são estritamente pessoais.

Dash-8-40C (C+C)

À primeira vista, a Dash-8 Bachmann impressiona pelo tamanho. É imponente e linda.

A figura do maquinista estava solta na embalagem. Retirei o corpo da loco, que é preso por 2 parafusos pelo fundo do contrapeso de chumbo, que serve como tanque de combustível. O maquinista foi devidamente fixado, com cola de plastimodelismo, a um pequeno ponto do lado esquerdo da caixa de metal do redutor dianteiro da locomotiva. Existe outro ponto igual, do lado direito, para outro tripulante, que não veio com a máquina.

O pega-mãos fixado à extremidade traseira esquerda da cabine está solto, assim como um ponto na extremidade inferior da frente da locomotiva.

  

A pintura da EF Carajás, realizada pela GM Custom Painting (Guilherme e Marcos Schmitz, SP/SP), está excelente. A loco ostenta o n° 501, e foram utilizados os decais LAF para a identificação dos logotipos da EFC / Cia. Vale do Rio Doce (CVRD).

A loco Bachmann tem uma excelente aderência aos trilhos, pois é bastante pesada, e os truques C-C são bem distantes um do outro, favorecendo uma excelente tomada de energia. Este exemplar da Dash-8 tem uma rodagem muito suave e é bem silenciosa. Funciona a um leve pulso elétrico do controlador.

Como sabe, minha maquete (DC-13/13) foi construída com grades rígidas Frateschi. A curva interna é de grades ref. 4188 (raio de 36 cm) e a externa, de grades ref. 4219 (raio de 42 cm). Nestas últimas, a Dash-8 passa bem, sem problemas. Já nas curvas de raio = 36 cm, o 1° eixo do truque dianteiro e o 3° do truque traseiro saltam dos trilhos.

A meu ver, isso se deve às rodas serem do tipo RP-25 (CO-21/3), com frisos (flanges) bem pequenos; e o truque de 3 eixos possivelmente não ter sido projetado para curvas tão fechadas (o que exigiria maior jogo lateral dos eixos / rodas). Acredito que sua maquete tenha curvas mais abertas, pois sei que você usou grades flexíveis Frateschi.

A Dash-8 passou muito bem pelos AMVs Frateschi ref. 4200 (raio = 85 cm) e não houve perda de potência.

U-30C (C+C)

Esta máquina faz o papel de uma C-30-7, com algumas diferenças. No protótipo da C-30-7 GE, não existem as pequenas janelinhas nas extremidades laterais da cabine, ao lado das janelas principais. No modelo (Athearn), o sino é afixado no teto, perto da cabine.

Entretanto, a pintura da Cutrale-Quintella, feita por Guilherme e Marcos Schmitz (GM Custom Painting), está sensacional! Os logotipos CQ (decais) estão muitíssimo bem feitos, e os emblemas metálicos da GE, afixados abaixo das janelas laterais da cabine, são de uma precisão fora de série. A loco tem o n° 7207 da Fepasa.

Fixei os engates do tipo X2F Horn-Hook (chifre-gancho), tirando o corpo da loco para facilitar o manuseio. Fixei também os tanques de ar comprimido, que se localizam lateralmente ao contra-peso de chumbo, que faz o papel de tanque de combustível. Fixei as buzinas e o sino no teto, apenas por encaixe, sem cola.

Quando retirei a loco da caixa, senti um barulho. Ao tirar o corpo — fixado ao chassi por 4 pequenos furinhos na lateral, para encaixar 4 pinos nas laterais do chassi, 2 de cada lado —, logo vi o que era. A placa metálica de contato do motor para as rodas estava completamente solta; o eixo-cardã do truque-redutor dianteiro estava fora do lugar; e a peça de plástico que sustenta a placa de contato do motor, na parte traseira, estava quebrada.

Usei cola de plastimodelismo para consertá-la; reencaixei o cardã no redutor; e fixei a placa de contato do motor.

Esta loco é um pouco mais barulhenta, mas roda bem nas curvas de raio = 42 cm. Já nas curvas de raio = 36 cm, acontece o mesmo que com a Dash-8 — as rodas do primeiro e do último eixo saltam dos trilhos —, acredito que pelas mesmas razões.

Os testes foram feitos em baixa velocidade. A aderência da U-30C é ótima, e ela passa pelos AMVs sem uma única falha. Esta máquina está equipada com volante e a sua parada é suave, deslizando ainda por alguns centímetros, depois do controlador desligado.

PA-1 (C+C)

Esta loco Athearn, na pintura da Delaware & Hudson, é muito bonita e rodou muito bem na minha maquete. Imagino como ficaria este modelo nas cores da Cia. Paulista, que possuiu 3 máquinas semelhantes, as PA-2 de rodagem A1A+A1A.

Coloquei os "vidrinhos" redondos nas janelas laterais e no fundo do corpo. Fixei também os engates X2F, se bem que o dianteiro deu mais trabalho, pois tive que soltar o corpo do chassi, e jogá-lo um pouco para trás — para então fixar o engate —, por causa do rasgo no piloto para a passagem da haste do Horn-Hook.

O corpo da loco é fixado ao chassi apenas por 2 pinos, um de cada lado, que são fixados aos degraus das escadas.

Esta PA-1 rodou muito bem em todas as curvas da minha maquete, mesmo em velocidades mais elevadas, e também passou sem problemas sobre os AMVs. Pena que os numberboards não são iluminados (como na FA-1 da Frateschi).

Os engates desta PA-1 são afixados nos truques (truque Talgo), e não no chassi da locomotiva.

Notei que os truques C inscrevem-se sem problemas, nas curvas de raio = 36 cm — se bem que a velocidade da loco diminui um pouco. De qualquer modo, não notei aquecimento no controlador (CT-5300 Frateschi), e a luz de advertência não acendeu sequer uma vez.

Em resumo, gostei da PA-1 Athearn. Tem uma rodagem muito suave e sua parada também é excelente, graças ao volante que a faz continuar andando mais um pouco, por inércia, quando se desliga o controlador.

SD-9 (C+C)

Este modelo Athearn foi outro de que gostei bastante. Os resultados foram semelhantes aos da PA-1. Rodagem muito suave, parada excelente, e inscreveu-se bem em todas as curvas da minha maquete. A passagem pelos AMVs decorreu sem problemas.

A SD-9 tem alguma semelhança com as SD-18, utilizadas pela RFFSA no eixo SP — Rio — BH, sendo a maior diferença seu nariz alto — já que a SD-18 tem nariz baixo. O CO publicou excelente artigo do Nilson Rodrigues (CO-23 a 25) ensinando a transformar um corpo de SD-24 em SD-18, usando o chassi da SD-9 Athearn. Os truques são idênticos.

O corpo também é preso ao chassi por 4 pequenos pinos. Apenas endireitei os engates X2F, que estavam meio soltos.

Ten Wheeler (4-6-0)

É um bonito modelo Model Die Casting, com uma lindíssima pintura da Cia. Paulista (CPEF), feita pela GM Custom Painting, com o n° 61, retratando o protótipo cuja foto saiu no CO-24/5. O emblema metálico da Paulista (feito pela GM Custom Painting) está demais!

O protótipo tinha um tênder menor que o do modelo norte-americano, bem como outras diferenças externas na loco propriamente dita. O modelo chegou com o apoio do farol e com as válvulas Walschaert descolados. Fixei-os com cola de plastimodelismo.

O motor é fixado na locomotiva, sendo que existem contra-pesos na longarina da loco e também dentro do corpo, além da chapa de chumbo que faz o papel de assoalho do tênder. O conjunto é bem mais pesado do que a Consolidation da Frateschi, e há um fio em paralelo que sai do motor (da loco) para as rodas do tênder, que também captam energia.

Na primeira vez que a pus para rodar, andou por alguns centímetros, faiscando aqui e ali, nas rodas da loco e do tênder, e a luz de advertência do controlador acendeu-se continuamente.

Desmontei o corpo para ver o que estava acontecendo. Todas as rodas estavam sujas, e algumas apresentavam oxidação. Limpei-as com cotonetes de algodão embebido em álcool. Verifiquei os fios de ligação, e eles estavam bem soldados, inclusive o spaghetti que une o fio da loco ao do tênder. Aparentemente, os ímãs também estão bem presos, e não notei nada demais na máquina. Limpei-a mais uma vez, recoloquei o corpo e, quando a pus para rodar, simplesmente não andou. A luz de advertência do controlador, agora, fica permanentemente acesa.

Como acredito que deve haver algo errado com a máquina, decidi telefonar, e procederei à devolução ainda esta semana, para que você possa verificar o que há com ela, dispondo de mais conhecimentos do que eu, para tanto. Não senti cheiro de queimado em nenhum momento, e a coloração do induzido do motor está normal, sem apresentar escurecimento. Coloquei as diesel de novo, e todas rodaram normalmente, sem falhas.

Vagões

Os dois vagões-gaiola da Denver & Rio Grande Western, o vagão frigorífico de 40 pés da Santa Fe, os dois vagões fechados da Southern Pacific de 40 pés, o da Lakawanna, o da Great Northern, o de 50 pés da Union Pacific e o caboose da Santa Fe são muito bonitos e bem feitos (marcas: Athearn e Roundhouse).

Os dois boxes de 40 pés da Southern Pacific vieram desmontados, e a montagem é facílima. Apenas, vieram sem o contra-peso (chapa de metal) que, nestes modelos, deve ser colocada debaixo do estrado — entre ele e os detalhes inferiores (longarinas etc.), que formam uma peça à parte —, pois as portas corrediças abrem-se, e o interior torna-se visível.

Todos os truques vieram com rodas de plástico, tipo RP-25. Estes vagões rodam bem, mesmo os que montei — se bem que estes últimos têm uma tendência para tombar de uma lado para outro, pois existe um pequeno espaço entre a estrutura inferior do vagão e os pinos de fixação dos truques. No tocante às rodas, até agora não causaram qualquer descarrilamento.

O box de 50 pés rodou muito bem e com muita segurança, com os truques Frateschi, pois é bem mais pesado que os demais. A estabilidade dos vagões é boa e, na minha opinião, talvez melhore ainda mais se forem utilizados truques Phoenix, que são inteiramente metálicos, portanto bem mais pesados.

De acordo com o CO-22/14, as rodas dos truques Phoenix enquadram-se na RP-25 da NMRA. Infelizmente, ainda não os vi, e o Lupatelli não tem.

Engates

Todos os engates do material que você me enviou são do tipo X2F Horn-Hook (chifre-gancho). De modo geral, as locos e os vagões rodaram bem na minha maquete, com este engate.

Entretanto, é preciso ajustá-los constantemente, pois os pinos inferiores dos engates tendem a encostar nos trilhos dos AMVs, levantando as rodas e provocando pequenos descarrilamentos, desengatamentos acidentais etc. Também notei certa tendência para jogarem os vagões para os lados, nas curvas — principalmente para o lado de fora.

Acredito que é por isso que os engates Kadee são tão utilizados pelos modelistas norte-americanos e até de outros países. Além de conferirem maior realismo aos modelos, parecem ser mais seguros, se bem que nunca tive oportunidade de testá-los. No Lupatelli, o par do Kadee n° 5 está custando Cr$ 1,5 mil.

Para quem não quer ou não pode adquirir o Kadee, agora existe a possibilidade de se adotar o engate híbrido Kadee / Frateschi da Phoenix. É do mesmo tipo Frateschi (M„rklin), porém mais discreto, e é fixado ao corpo do vagão (como o Kadee). Também não pude testar o híbrido Phoenix, até agora, pois o Lupatelli ainda não o recebeu (ver DC-13/2).

Voltando ao engate X2F, o engatamento é bastante fácil de realizar durante as manobras, com os trens em movimento. Só não tenho como desengatá-los automaticamente, pois na minha maquete só disponho das grades de desengate Frateschi (ref. 4110-D), cujo ímã tem polaridade vertical.

O desengatamento do Kadee e — creio — do X2F é feito com o ímã disposto com polaridade na horizontal, transversal ao movimento do trem. Outra alternativa, é a "rampa mecânica" mostrada no DC-16/7, Fig. 11a, para mover lateralmente os pinos inferiores. No meu caso, o desengatamento tem de ser feito manualmente, com uma pequena chave de fenda, ou instrumento similar, para empurrar as hastes para os lados.

Como os vagões que me enviou são modelos de "40 pés" e "50 pés", não houve esforço excessivo dos engates nas curvas. Os vagões e engates portaram-se muito bem, mesmo nas curvas de raio = 36 cm, e em maior velocidade. Apenas não rodei seu material em velocidades próximas ao limite do CT-5300 Frateschi, pois ferreomodelismo não é autorama, e velocidade excessiva é totalmente irreal em relação à realidade brasileira, e mesmo à norte-americana (cargueiros).

Fiquei curioso sobre o comportamento que teriam os engates X2F e Kadee, nos vagões e carros mais longos, em curvas de 36 cm.

  

 

Conclusões

Nos exames preliminares, o material norte-americano portou-se bem na minha maquete. Apenas tenho algumas restrições quanto às locos C+C na tomada das curvas, devido aos frisos (flanges) muito pequenos das rodas tipo RP-25 — e, mesmo isso, só na Dash-8 e na U-30C.

Tenho, como sabe, uma GP-50 (B+B) Athearn, e ela roda excelentemente bem, em qualquer velocidade e em qualquer raio de curva.

Não vi grandes inconvenientes no engate X2F, a não ser os constantes ajustes para deixar o pino inferior quase 1 mm acima do boleto dos trilhos. Se assim não for, os pinos tendem a esbarrar nos trilhos cruzados dos AMVs, provocando pequenos acidentes.

De uma forma geral, todo o material que me enviou é de ótima qualidade, muito bem feito e detalhado. Apesar de gostar do material da Frateschi, ficam sem sentido as críticas que esta faz ao material estrangeiro.

  

Idéias, dicas & soluções

Centro-Oeste nº 63 (1º-Fev-1992)

SD-40-2 - Minha maquete só tem grades rígidas, como a do Alexandre Santurian. Minha SD-40-2 Athearn roda nas curvas de raio = 42 cm mas, se houver alguma emenda de trilhos mal-feita, alguma roda sempre salta. Além disso, dependendo da direção em relação à curva, os cardãs encostam no metal do contato, que sobe dos truques-redutores para o motor (César Arruda, Lorena, SP).

N. R.: A colocação de um trecho curvo mais aberto (raio de 48 cm), suavizando a transição entre a reta e a curva de raio 42 cm, pode ser útil em casos assim. Porém, não significa uma solução garantida para o problema.

Sua observação — e toda série de testes do Alexandre — mostram na prática a necessidade de usar locos e vagões compatíveis com as curvas e AMVs da mini-ferrovia (ver CO-2/4 e CT-1/4), quando as rodas são do tipoRP-25, e/ou os engates são fixados no corpo dos modelos (engates Kadee, X2f etc.).

Testando ferreomodelos importadas e trilhos curvos Frateschi
Dash-8-40C Bachman, U-30C Athearn, PA-1 Athearn, SD-9 Athearn, Ten Wheeler MDC, vagões, engates...
GP-50 | GG-1 Rivarossi / AHM | GG-1 (II) | Pacific Märklin, Daylight GS-4 Bachmann, Jupiter Bachmann | SD-40 da AHM
Alco RS-1, Alco C-424, GP-7, FP-7 Atlas | Alco 628 Model Power | SD-40-2 | RDC Budd Athearn
 
 
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