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A ideia de compilar — e preservar — a "memória histórica" da ferrovia ocorreu a seu autor, Manuel Fernandes Figueira, durante a revolta da Armada (Set. 1893 - Mar. 1894), quando o Rio de Janeiro, capital da recém-proclamada República, esteve sob o bombardeio de seus próprios navios de guerra, fazendo temer a perda de acervos históricos.
Sua publicação, em 1908, ocorreu em contexto muito diferente, — quando a borracha alcançava cotações elevadas, praticamente duplicando o valor das exportações brasileiras (basicamente, café). O mundo vivia a belle époque: uma fase de expansão econômica, com crédito fácil e barato (desde que nunca se precisasse rolar a dívida, quando os juros subissem). Uma das características do capitalismo, naquele momento, era justamente a "exportação de capitais" para os países periféricos — instalação de empresas "de serviços públicos" em países da América Latina, p.ex., — venda e financiamento de "equipamentos urbanos", equipamentos de transporte etc.
Após um período de aperto interno e paralisia, o Brasil mergulhava num ciclo generalizado de grandes obras — novas ferrovias, construção de portos "decentes", bondes elétricos, grandes reformas urbanas de Manaus ao Rio Grande.
A edição da "Memoria histórica da Estrada de Ferro Central do Brazil" reflete isso: um livro monumental, em formato tablóide (½ jornal), com capa em policromia, dezenas de páginas adicionais com ilustrações em papel especial (encarte manual na fase de encadernação), afora uma coleção de "vinhetas" em segunda cor (vermelho) em todos os "cadernos". Devido ao tamanho invulgar do formato, cada "caderno" tem apenas 4 páginas, — numerados no rodapé, de 1 a 240 (960 páginas numeradas). Naquela que seria a página 961 (em branco), uma última exibição de requinte: uma vinheta em marca-d'água em relevo (sem uso de tinta).
Tudo isso, executado pela Imprensa Nacional, com autorização expressa do ministro da Viação e Obras Públicas (e, possivelmente, do presidente da República). Depois de se botar abaixo e reconstruir meio Rio de Janeiro, o que era um livro?
Com tantas instâncias superiores a satisfazer, não seria o diplomático Manuel Fernandes Figueira, após longa ascensão "de carreira" na ferrovia, — e que aparece na página de rosto como "organizador", com 3 colaboradores, — quem iria escrever inconveniências. Coisas incômodas foram omitidas, ou citadas de passagem em versão pasteurizada. Mesmo assim, sobram elementos preciosos de informação.
Locomotiva Baronesa
Igreja de Sant'Ana
A primeira estação do Campo
Estação Corte em 1870
Estação Desengano
Estação Entre-Rios
Estação Porto Novo do Cunha
Estação Saudade
Estação Comércio
Estação Miguel Burnier
Estação Ouro Preto
Estação Cachoeira
Estação Cruzeiro
Estação Juiz de Fora
Estação Surubi
Estação Lafaiete
Estação Sítio
Estação Gamboa
Estação São Francisco Xavier
Estação General Carneiro
Estação Minas
Estação Belém
Estação Rodeio
Ponte Paraíso
Ponte de Cachoeira
Monumento em Entre-Rios
Túnel Grande
Túnel nº 1
Edifício da Tração de São Diogo
Oficinas do Engenho de Dentro
Pedreira São Diogo
Estações em 1960
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