Associação Brasileira de Preservação Ferroviária
O transporte da locomotiva
Cooper da ABPF–VFCJ
Texto e Fotos: — Kenzo Sasaoka
O transporte da locomotiva Cooper Nº 3128 ocorreu numa quinta-feira, dia 27 de dezembro de 2001.
A operação se iniciou cedo, por volta das 8 horas, quando a carreta chegou ao PRV da estação de Campinas. Porém, a carreta teve que voltar
para Anhumas devido a um problema com os trilhos que sustentariam a locomotiva.
O retorno do caminhão para a estação de Campinas foi por volta das 11 horas. Nesse horário o pessoal da Ferroban que executaria a operação
de guindaste já estava em horário de almoço, portanto a operação atrasaria um pouco mais.
Durante essa espera, almoçamos sentados ao lado de um galpão da Ferroban, observando a nossa locomotiva esperando para ser levada, engatada
em outra Cooper em funcionamento, que faria a manobra.
Por volta da uma e meia iniciou-se a operação de guindastes para a colocação da locomotiva sobre a carreta. Foram utilizados dois guindastes:
O rodo-ferroviário "Holmes" para bitola larga e o guindaste ferroviário "Orton".
A locomotiva de manobras posicionou a Cooper no local onde ela seria erguida e logo em seguida, os dois guindastes também se posicionaram.
A partir daí, a locomotiva foi amarrada por cabos de aço em três pontos, dois deles nos encaixes próprios abaixo da cabine. Esses cabos foram
presos ao guindaste "Orton". O outro cabo de aço foi preso no engate traseiro e esse foi preso ao guindaste "Holmes". Cabos ajustados, iniciou-se
a operação para elevar a locomotiva. O mais delicado de tudo isso era a sincronia entre os dois guindastes para evitar qualquer acidente.
Com a locomotiva suspensa, a carreta se posicionou abaixo dela para iniciar a operação de descida, muito cuidadosa para que as rodas se encaixassem
de forma correta no gabarito dos trilhos que estavam sobre a carreta.
Com a locomotiva "encaixada" nos trilhos, mas ainda presa pelos guindastes, iniciou-se o processo de amarração da locomotiva também com cabos
de aço. Ela foi envolta pelos cabos que por sua vez eram presos com grampos na carroceria da carreta.
Devidamente presa e amarrada, os guindastes liberaram os cabos de aço que a seguravam sobre a carreta. Com o auxílio de uma trena, a altura
total foi medida, e esta passava dos 4 metros. A carreta estava pronta para sair, isso por volta das três horas. A preocupação era com o tempo,
pois havia muitas nuvens no céu e uma chuva poderia dificultar a operação de descida.
A carreta foi deixando a estação de Campinas com destino a Anhumas e logo na saída do pátio o primeiro problema com a fiação dos postes que
impediam a passagem da locomotiva. Com o auxílio de uma vareta de madeira levantando os fios, a carreta passou.
Nesse momento, começou o "passeio" da locomotiva pelas ruas de Campinas...
Mais adiante, outro problema com fios, mas dessa vez o último. Novamente a vareta foi acionada e o problema resolvido. A partir daí, pista
livre e o desfile da locomotiva continuou chamando a atenção de todas as pessoas que passavam. Eu estava logo atrás da carreta e fui observando
as expressões de espanto das pessoas ao verem aquela "coisa" enorme sobre uma carreta, ainda mais com aquela pintura vermelha chamativa com
o logo FEPASA. Foi muito emocionante ver como as pessoas paravam e olhavam admiradas para aquela locomotiva... Para mim, era um momento de
felicidade indescritível...
Seguimos até a rodovia Anhanguera, e depois dela a rodovia D. Pedro. A viagem se deu em um ritmo bem lento e eu, não cansava nem um pouco
de ver aquela locomotiva enorme na minha frente.
Chegamos a Anhumas por volta das quinze para as quatro onde a locomotiva 338 nos esperava para rebocar a mais nova integrante do acervo da
VFCJ. A operação de descida foi mais simples, até porque o tempo graças a Deus ajudou.
A carreta manobrou posicionando os gabaritos dos trilhos, depois, a locomotiva 338 se aproximou para engatar na Cooper. Engatadas, as amarras
com o cabo de aço que prendiam a Cooper foram soltas e então, a primeira locomotiva a diesel da VFCJ entrou nos trilhos daquela ferrovia,
sendo rebocada até a estação de Anhumas, onde está guardada. Terminado o transporte, retiramos os trilhos que estavam em cima da carreta e
posamos para a foto, os homens e a máquina, depois da operação.
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