Procurando um ferreomodelo de locomotiva V-8
Centro-Oeste DC-16-17 (31-Jul-1991)
Anexo xerox do catálogo
comercial da Casa Hermes, 1963, onde aparece a antiga locomotiva
da Atma, tipo V-8.
Na época, estava mais ligado em eletrônica, e não dei importância;
hoje, não existe mais. É sempre assim. Note que o salário mínimo,
na época, era — nominalmente — o mesmo de hoje: pouco mais de Cr$
20 mil. Na mesma página do catálogo, observe o rádio Voltix (Cr$ 45
mil); hoje, um rádio equivalente — portátil, pequeno, a pilha, 2 faixas
— custa a metade desse valor.
De fato, a locomotiva não é propriamente uma V-8, embora seja
notória a intenção da Atma em reproduzi-la. O emblema era da Cia.
Paulista — o tradicional "CP" entrelaçado. A meu ver, a maior diferença
está na rodagem, feita só com a finalidade de servir ao funcionamento
do modelo, sem nenhuma preocupação de copiar o protótipo.
Como escrevi na carta anterior, ela me lembra mais a English Electric,
que substitui a V-8 em Jundiaí, completando a viagem até São Paulo.
Mas não deixa de ser interessante.
Uma perfeição, mesmo, eu achei este modelo em latão da Little
Joe ("Russa"), cujo anúncio na MR você me enviou. É praticamente a
versão da V-8 para trens de carga, com menor velocidade e mais força
de tração. Originalmente eram pintadas de verde, como todas as de
carga — as de passageiros, eram azuis. Esta, eu compraria... se pudesse!
Quanto a ir ao Lupatelli, parece-me que já estive lá — a dúvida
é que sempre confundo esta casa com outra, cujo nome esqueci. Mas,
também lá, não consegui encontrar a V-8. O que mais se aproximava
era uma diesel de frente única, igual à da antiga Central do Brasil,
que tracionava trens de passageiros. Aliás, o modelo trazia estampado
o logotipo da EFCB.
A Paulista possuía duas locos semelhantes, apelidadas "Jaburu".
Se não me engano, eram as Alco PA. Mas havia um aviso, na loja, de
que era propriedade particular e não estava à venda.
Quer dizer que a Frateschi está fabricando a FA-1 tipo Jaburu?
Não sabia. Quando for a São Paulo, vou dar uma olhada nela. Eu aprecio
mais estas locos, com formato aerodinâmico, e esta já se aproxima
um pouco. (...)
Seria mesmo ótimo que a Frateschi fabricasse a V-8. Acho uma belíssima
locomotiva. Em todo caso, se conseguir um modelo que se aproxime,
é provável que me anime a adquiri-lo.
Sabia que as V-8 também trafegam na Africa? Gravei, tempos atrás,
em vídeo, um documentário da produtora alemã Transtel, onde aparece
uma V-8 tracionando um longo trem de passageiros, se não me engano,
na Tanzânia — eles não mencionam o País.
Por falar em vídeo, ainda tenho esperança de que alguém possa
me fornecer uma cópia do quadro "Uma viagem no TGV, o trem mais rápido
do mundo", transmitido no Fantástico em 89/Fev/26 (Moacir Costa, Rio
Claro, SP).
Soluções
N. R.: Agradecemos a xerox em 3 vias do antiquíssimo catálogo
comercial da Casa Hermes, 1963, do qual temos ouvido falar como
uma verdadeira lenda, ao longo dos quase 7 anos do Centro-Oeste.
Aproveitamos para esclarecer que nosso pedido das 3 vias não é nenhuma
tara misteriosa — é que, em xerox, publicar significa colar uma
das vias no original do DC (ou outra postila), e deixá-la ali pelo
resto da vida. (...)
Locos Atma
Para quem ainda não entendeu a questão, não lhe interessam locomotivas
diesel, "quadradas", de linhas e ângulos retos. Você é vidrado em
locos de linhas aerodinâmicas — mais especificamente, bi-frontais,
elétricas.
O antigo modelo bi-frontal da Atma era uma loco elétrica B-B, provavelmente
fabricada com um molde importado da Europa, reproduzindo (ou não)
algum protótipo que existiu naquele continente. Não representa qualquer
protótipo que tenha rodado no Brasil, até onde sabemos.
Se você conseguir adquirir esta raridade, estará comprando também
um problema: Naquela época, a Atma utilizava corrente
alternada (CA) e grades de 3 trilhos. A única forma de colocá-la
em funcionamento será usando grades e Controlador Märklin,
de origem alemã — supondo que dê certo.
A fase CA / 3 trilhos, da Atma, deve ter durado de 1958 a 1963,
mais ou menos.
Assim como você associa seu sonho (V-8) à imagem pouco nítida da
antiga loco CA / 3 trilhos da Atma, muitos outros companheiros também
associam a FA-1, a PA-2 — e até a V-8, a Russa ou a English Electric
— à imagem mais recente da F-7, que a Atma produziu para corrente
contínua (CC) e grades de 2 trilhos, mais ou menos de 1964 até 1982.
A F-7 é uma locomotiva diesel-elétrica de frente única, muito usada
nas ferrovias norte-americanas, mas que também nunca rodou no Brasil.
O molde da F-7, com certeza também foi importado, pois a Atma jamais
fabricou seus próprios moldes, como faz a Frateschi.
Opções
Existem várias soluções para sua busca, dependendo do grau de realismo
histórico que você deseje — mas a perfeição, neste caso, será difícil.
A melhor análise que já vimos (Nomenclatura
das locomotivas V-8, Eduardo Coelho, CT-11/1) indica que não
existem modelos em plástico da V-8. Modelos de latão — se algum
ainda for produzido atualmente, no exterior — costumam ser vendidos,
lá fora, por centenas de dólares. No Brasil, custariam pelo menos
mil dólares.
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Tal modelo, realmente, poderia ser uma mina de ouro para a Frateschi
— se tiver o cuidado de respeitar rigorosamente a escala HO e, de quebra,
puder fornecer peças avulsas (suas, ou de alguma micro-empresa dos EUA)
para transformar o modelo brasileiro em seu equivalente norte-americano.
Se outro modelo semelhante (loco bi-frontal elétrica) puder satisfazê-lo,
as opções melhoram — tanto mais, quanto menor for sua exigência de realismo.
Pode-se adquirir uma Little Joe (versão americana da Russa). Até recentemente,
modelos em latão eram anunciados com freqüência na Model Railroader, sendo
portanto menos raros que os da V-8. Se não atende ao anseio específico
por uma V-8, pelo menos atende ao anseio visual por uma locomotiva elétrica
bi-frontal, de grande porte. Infelizmente, ainda é uma opção muito cara.
A lógica diz que deve haver outros modelos, capazes de atender
tal anseio visual. O realismo cai mais ainda — pelo menos, a Russa
andou no Brasil —, mas o preço também pode cair bastante. Numa rápida
pesquisa nos catálogos europeus do Centro-Oeste, porém, não encontramos
nada muito animador.
Pode-se acoplar 2 FA-1 Frateschi, criando a ilusão de uma loco
bifrontal, desde que se abra mão dos pantógrafos. P. ex., eu acho
imponentes a DDM-45 e a C-40-2; como não as tenho, fixo-me na G-22U,
que oferece uma imponência semelhante, talvez por ser a mais curta
e alta da Frateschi. A idéia, portanto, é atender um anseio visual,
substituindo o inalcançável pelo alcançável.
Você pode tentar construir sua própria V-8 — esse é um dos desafios
mais empolgantes do modelismo ferroviário. Neste caso, o realismo
pode variar de zero a infinito, e pode melhorar muito, numa segunda
tentativa, na terceira etc. No DC-4/11 (Dicas
para modelar uma V-8), Warren Delano indica a semelhança (dimensões
e rodagem) com as GG-1, cujo chassi, motor e truques poderão ser
aproveitados. Note que modelos GG-1 em plástico custam menos de
40 dólares, nos EUA; e você poderá fazer várias tentativas (corpo),
sem ter que adquirir várias GG-1.
Vale notar que, se encontrar a antiga loco CA / 3 trilhos Atma,
de truques B-B, será a opção menos real — mesmo que venha pintada
de Cia. Paulista ou Central do Brasil.
Nomes & siglas
Seja como for, porém, não podemos deixar de recomendar que o amigo
procure, sempre, usar os nomes e siglas que todos os outros modelistas
usam — este é um esforço que o CO, a Frateschi e todo mundo procura
concretizar, para que todos possam se comunicar facilmente, sem
que ocorram mal-entendidos:
- A FA-1 (Biriba) e a PA-2 (Jaburu) têm certas semelhanças, entre
si, mas não são a mesma coisa.
- A Russa (chamada Little Joe, nos EUA) e a V-8, também se parecem
bastante, mas não são a mesma coisa.
Por exemplo, a gente entende quando você diz que a Russa é a versão
de carga da V-8, ou quando você diz que viu uma V-8 no documentário
sobre a Africa — é possível que você queira dizer "do tipo da V-8",
em vez de "V-8".
Embora muitos de nós possam compreender facilmente essa "força
de expressão", isso poderá deixar confuso um iniciante, ou uma pessoa
menos avisada, que tome suas palavras ao pé da letra. (...) (FRC).
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Protótipos aerodinâmicos
Estas são as locos que tivemos no Brasil, nesse estilo aerodinâmico,
entre elétricas bi-frontais e diesel-elétricas de frente única.
Referências:
- (1) CO-24/5, CO-26/11, CT-11/1, IF-44/3, RF-8904/64, RF-8905/12
- (2) EM-19, RBF-6/17
- (3) EM-32, IF-26, IF-36/9
- (4) CO-25/1, CT-6/16, CT-7/4, EM-30, RBF-4/11
- (5) CT-10/8
- (6) CO-23/9, CT-1/7, RBF-1/23
- (7) EM-10
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1 |
V-8 |
2-C+C-2
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CP e EFCB
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Elétrica
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2 frentes
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2 |
Russa |
2-D+D-2
|
CP
|
Elétrica
|
2 frentes
|
3 |
English Electric |
C-C
|
EFSJ
|
Elétrica
|
2 frentes
|
4 |
FA-1 |
B-B
|
EFCB
|
Diesel-Elétrica
|
1 frente
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5 |
PA-2 |
A1A-A1A
|
CP
|
Diesel-Elétrica
|
1 frente
|
6 |
B-12 |
B-B
|
Vale e SR-6
|
Diesel-Elétrica
|
1 frente
|
7 |
ML-4000 |
C-C
|
Vale
|
Diesel-Hidráulica
|
1 frente
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8 |
Série 700 |
B-B ?
|
SR-1
|
Diesel-Elétrica ?
|
1 frente
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Note que a ML-4000 e a B-12 não eram tão "arredondadas", usando
planos retos em diversos ângulos, com efeito visual apenas semelhante.
As locos da série 700, utilizadas no Nordeste, apresentavam estilo
nitidamente europeu, mas não temos maiores informações a respeito.
Uma delas encontra-se preservada no Museu do Trem, Recife, PE.
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